General que chefiou Operações Terrestres concordou em cumprir golpe, diz PF
O relatório final da Polícia Federal sobre o plano de golpe articulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro relata que o general do Exército Estevam Theophilo, responsável por chefiar o Coter (Comando de Operações Terrestres), concordou em cumprir um decreto golpista discutido por Bolsonaro após sua derrota nas eleições.
Uma nova informação sobre a adesão de Theophilo foi apresentada pela PF no relatório final. O ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, confirmou à PF em mais um depoimento de sua delação premiada que o general concordou com o golpe articulado por Bolsonaro após ter se reunido com o então presidente no Palácio da Alvorada.
Theophilo havia sido convocado por Bolsonaro para uma reunião no dia 9 de dezembro de 2022. Dois dias antes, o então presidente apresentou uma minuta de decreto golpista aos comandantes das Forças Armadas, mas não teve o apoio do comandante do Exército, o general Freire Gomes. Por isso, Bolsonaro buscou o apoio do outro general.
A adesão de Theophilo seria essencial para concretizar o golpe porque o Coter tem, dentro da sua estrutura, o Comando de Operações Especiais, unidade militar onde ficam os Forças Especiais, grupo de elite do Exército.
No planejamento do golpe desenvolvido pelos aliados de Bolsonaro, os Forças Especiais seriam usados para executar missões que incluíam a prisão ou assassinato do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, além do envenenamento do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do seu vice Geraldo Alckmin.
Mauro Cid disse à PF que o próprio Theophilo confirmou, após a reunião, que colocaria tropas na rua caso Bolsonaro assinasse o decreto golpista.
"Mauro Cid disse que não acompanhou a reunião, mas soube que no encontro o então presidente Jair Bolsonaro apresentou a minuta de decreto que estava sendo trabalhada. O colaborador confirmou que o conteúdo da minuta reverteria o resultado das eleições presidenciais. O colaborador ainda disse que no final da reunião o general Theophilo disse que se o presidente Jair Bolsonaro assinasse o decreto, as Forças Armadas iriam cumprir. Essa informação foi passada pelo próprio general Theophilo ao colaborador no final da reunião", escreveu a PF no relatório final.
O plano, entretanto, não foi adiante por causa da resistência do comandante do Exército. Porém, por seu apoio à ação golpista, o general Theophilo foi um dos 37 indiciados pela PF por tentativa de golpe.
"Ao longo da investigação, a análise da dinâmica dos fatos evidenciou que o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, então comandante do Comando de Operações Terrestres - COTER do Exército brasileiro, de forma inequívoca anuiu com o Golpe de Estado, colocando as tropas à disposição do então Presidente da República Jair Bolsonaro", concluiu a PF.
Em seu depoimento à PF, Theophilo negou ter aderido a ações golpistas e afirmou que a conversa com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada não tratou desse assunto. Sua defesa também negou irregularidades ao longo do inquérito.
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