Amanda Cotrim

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Milhares de argentinas protestam contra Milei e pelos direitos das mulheres

Uma "maré verde" tomou conta das ruas do centro de Buenos Aires e de diversas cidades da Argentina nesta sexta-feira (8), dia da Mulher. Eram argentinas usando o lenço verde que se tornou símbolo da luta pela descriminalização do aborto.

Diversas organizações feministas e de direitos humanos estão mobilizadas no Congresso argentino, na capital portenha, em defesa dos direitos das mulheres e contra as primeiras políticas do governo de Javier Milei, que assumiu há três meses.

Dezenas de crianças acompanham suas mães, tias, irmãs, e o ato segue tranquilo até o momento, apesar do temor em razão do protocolo antiprotesto adotado por Milei, que proíbe a obstrução de ruas por manifestantes e permite a repressão dos atos.

Valentina (ela pediu para seu sobrenome não ser divulgado), 42, foi ao ato com as duas filhas, de 6 e 3 anos. Ela diz que sempre participa das marchas feministas, mas que desta vez ficou com medo.

8.mar.2023 - A argentina Valentina, 42, levou as filhas de 3 e 6 anos ao ato pelos direitos das mulheres
8.mar.2023 - A argentina Valentina, 42, levou as filhas de 3 e 6 anos ao ato pelos direitos das mulheres Imagem: Amanda Cotrim/UOL

No entanto, afirmou ser importante estar presente e defender as políticas públicas que, segundo ela, o atual governo quer derrubar. Valentina se refere especialmente à revogação da lei do aborto, cujo projeto foi enviado pelo partido de Milei, o Liberdade Avança, no mês passado. O presidente disse diversas vezes ser contra a interrupção voluntária da gravidez.

O aborto na Argentina foi legalizado em 30 de dezembro de 2020, e a lei foi sancionada em janeiro de 2021.

8.mar.2024 - "A direita aceitaria o aborto se ele se chamasse redução de pessoal", diz cartaz de manifestante
8.mar.2024 - "A direita aceitaria o aborto se ele se chamasse redução de pessoal", diz cartaz de manifestante Imagem: Amanda Cotrim/UOL

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No país, qualquer pessoa gestante pode interromper a gestação até a 14ª semana, de modo público, legal, gratuito e seguro.

Dezenas de policiais fazem a segurança na frente do Congresso Nacional, mas o efetivo é menor em relação a outros protestos registrados esse ano, desde que começou o protocolo.

O protesto fechou um trecho de avenidas e ruas do entorno do palácio legislativo.

Paula Libero, 33, também foi com a filha, de 3 anos, que ela segurava com força por um braço, enquanto o outro levantava um cartaz que dizendo que toda mãe tem o direito de que sua filha volte para casa.

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8.mar.2024 - Paula levou sua filha de três anos ao ato
8.mar.2024 - Paula levou sua filha de três anos ao ato Imagem: Amanda Cotrim/UOL

O ato terminou por volta das 20h, após a leitura uma carta intitulada "Aqui estamos. Fomos maré e seremos tsunami". O texto afirma que a liberdade é das mulheres, e não dos mercados e dos governos, e que as argentinas estão diante de um governo autoritário, preocupado em avançar com um plano motosserra, querendo retirar direitos das mulheres, inclusive a legalização do aborto, conquistada em 2020. O manifesto, que tem oito páginas, finaliza com um recado ao presidente:

Milei, não temos medo de você. Nenhum passo atrás. Fomos maré e seremos tsunami.
Carta das organizações feministas

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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