Julgamento de brasileiro acusado de atentado a Kirchner pode demorar um ano
Quase dois anos após a tentativa de assassinato de Cristina Kirchner, começa nesta quarta-feira (26), em Buenos Aires, o julgamento dos três acusados, incluindo um brasileiro. Todo o processo pode demorar de seis meses a um ano para conclusão.
Fernando Sabag Montiel, 37, de nacionalidade brasileira, é o principal acusado por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Na época, o brasileiro foi preso quando tentou fugir após disparar, conforme mostram câmeras de segurança. Sua pena pode chegar a 20 anos de detenção.
Apontada como namorada dele, a argentina Brenda Uliarte, 25 anos, e o vendedor argentino Nicolás Carrizo, 29 anos, também serão julgados. A investigação apontou que os três planejaram o atentado.
Brenda é acusada de ter ajudado Montiel no plano de matar Cristina Kirchner e tê-lo acompanhado no dia do crime. Carrizo foi apontado por envolvimento na trama. Mensagens de WhatsApp entre ele e os outros acusados foram encontradas e o colocam, segundo a acusação, como um dos mentores do crime.
Mais de 200 testemunhas serão ouvidas no Tribunal Oral Federal 6, em Buenos Aires, e as audiências serão todas as quartas-feiras. A ex-vice presidente será representada pelos advogados Marcos Aldazabal e Jose Manuel Ubeira. O Ministério Público será representado pela Procuradora Geral da República Gabriela Baigún.
A primeira audiência pública será transmitida por YouTube, mas as demais serão a portas fechadas, com acesso apenas da imprensa credenciada. Na primeira sessão, o foco será na leitura detalhada sobre o dia do atentado e a investigação. As próximas devem ter quatro horas de duração cada uma.
O atentado
A então vice-presidente da Argentina e uma das principais figuras politicas do país, Cristina Kirchner foi alvo de uma tentativa de homicídio em setembro de 2022.
Foi no dia 1º daquele ano, quando Fernando Sabag Montiel passou por cerca de 100 policiais federais e se misturou aos militantes peronistas que esperavam Kirchner em frente ao apartamento dela. Montiel engatilhou uma arma de calibre 38 a centímetros da então vice-presidente e disparou algumas vezes, mas a arma falhou.
Na época do atentado, a defesa de Cristina Kircnher alegou que os principais líderes do grupo de extrema-direita, conhecido como Revolução Federal, promoviam, em grupos de WhatsApp e redes sociais, mensagens de ódio contra a vice-presidente. Essa hipótese, no entanto, não foi considerada na investigação, o que gerou insatisfação por parte dos advogados da política.
Na ocasião, Cristina recebia apoio de militantes devido a um processo no qual respondia por corrupção em contratos públicos da época em que foi presidente (2007-2015), e pelos quais foi condenada posteriormente.
No dia do ataque, Kirchner contava com uma equipe de segurança de mais de 100 policiais federais. A repercussão da tentativa de assassinato ganhou as paginas dos jornais do mundo inteiro. O então presidente da Argentina, Alberto Fernandes, classificou o atentado como "o mais grave desde 1983, quando o país voltou a ser uma democracia".
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