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Amanda Cotrim

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Reportagem

Julgamento de brasileiro acusado de atentado a Kirchner pode demorar um ano

Quase dois anos após a tentativa de assassinato de Cristina Kirchner, começa nesta quarta-feira (26), em Buenos Aires, o julgamento dos três acusados, incluindo um brasileiro. Todo o processo pode demorar de seis meses a um ano para conclusão.

Fernando Sabag Montiel, 37, de nacionalidade brasileira, é o principal acusado por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Na época, o brasileiro foi preso quando tentou fugir após disparar, conforme mostram câmeras de segurança. Sua pena pode chegar a 20 anos de detenção.

Apontada como namorada dele, a argentina Brenda Uliarte, 25 anos, e o vendedor argentino Nicolás Carrizo, 29 anos, também serão julgados. A investigação apontou que os três planejaram o atentado.

26.jun.2024 - Brenda Uliarte e Nicolas Carrizo, em julgamento no tribunal de Comodoro Py, em Buenos Aires
26.jun.2024 - Brenda Uliarte e Nicolas Carrizo, em julgamento no tribunal de Comodoro Py, em Buenos Aires Imagem: LUIS ROBAYO / AFP

Brenda é acusada de ter ajudado Montiel no plano de matar Cristina Kirchner e tê-lo acompanhado no dia do crime. Carrizo foi apontado por envolvimento na trama. Mensagens de WhatsApp entre ele e os outros acusados foram encontradas e o colocam, segundo a acusação, como um dos mentores do crime.

Mais de 200 testemunhas serão ouvidas no Tribunal Oral Federal 6, em Buenos Aires, e as audiências serão todas as quartas-feiras. A ex-vice presidente será representada pelos advogados Marcos Aldazabal e Jose Manuel Ubeira. O Ministério Público será representado pela Procuradora Geral da República Gabriela Baigún.

A primeira audiência pública será transmitida por YouTube, mas as demais serão a portas fechadas, com acesso apenas da imprensa credenciada. Na primeira sessão, o foco será na leitura detalhada sobre o dia do atentado e a investigação. As próximas devem ter quatro horas de duração cada uma.

O atentado

A então vice-presidente da Argentina e uma das principais figuras politicas do país, Cristina Kirchner foi alvo de uma tentativa de homicídio em setembro de 2022.

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Foi no dia 1º daquele ano, quando Fernando Sabag Montiel passou por cerca de 100 policiais federais e se misturou aos militantes peronistas que esperavam Kirchner em frente ao apartamento dela. Montiel engatilhou uma arma de calibre 38 a centímetros da então vice-presidente e disparou algumas vezes, mas a arma falhou.

Na época do atentado, a defesa de Cristina Kircnher alegou que os principais líderes do grupo de extrema-direita, conhecido como Revolução Federal, promoviam, em grupos de WhatsApp e redes sociais, mensagens de ódio contra a vice-presidente. Essa hipótese, no entanto, não foi considerada na investigação, o que gerou insatisfação por parte dos advogados da política.

Na ocasião, Cristina recebia apoio de militantes devido a um processo no qual respondia por corrupção em contratos públicos da época em que foi presidente (2007-2015), e pelos quais foi condenada posteriormente.

No dia do ataque, Kirchner contava com uma equipe de segurança de mais de 100 policiais federais. A repercussão da tentativa de assassinato ganhou as paginas dos jornais do mundo inteiro. O então presidente da Argentina, Alberto Fernandes, classificou o atentado como "o mais grave desde 1983, quando o país voltou a ser uma democracia".

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