Andreza Matais

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Reportagem

Falta de medicamento para hanseníase derruba mais um na Saúde

Em busca de se segurar no cargo, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, autorizou a troca da coordenadora-geral de Vigilância das Doenças em Eliminação, Sandra Maria Barbosa Durães. Em mensagem à sua equipe, Durães informou que "será exonerada em breve" e desejou "boa sorte" aos que ficam.

A saída da coordenadora ocorre após a Folha de S.Paulo revelar que o ministério deixou faltar medicamentos para tratar a doença, deixando pacientes sem assistência.

Ao jornal, a pasta reconheceu que o estoque de um dos medicamentos (clofazimina) era insuficiente, o que expôs mais um problema de gestão na pasta de Nísia.

Professora, Durães tem mestrado e doutorado em dermatologia, com especialidade em hanseníase. Ela é subordinada à diretora do Departamento do Doenças Transmissíveis, Alda Maria da Cruz. Procurado, o ministério não se manifestou.

Ontem (26), a pasta demitiu Carmem Pankararu da diretoria do Departamento de Atenção Primária à Saúda Indígena. Ela contou à coluna que estava em viagem oficial a trabalho e soube da exoneração pelo Diário Oficial da União.

A saúde indígena é um dos focos de dor de cabeça para o governo Lula (PT), que busca se contrapor à gestão Jair Bolsonaro (PL). A área reúne os piores indicadores de mortalidade materna, infantil e de expectativa de vida. Um dos primeiros atos do petista foi decretar emergência em saúde pública no território yanomami, situação que segue sem solução.

Demissões

Como mostrou a coluna, Nísia já exonerou seis pessoas desde que assumiu a pasta em janeiro do ano passado. Sob fogo amigo do PT e criticada pelo centrão por represar recursos para a saúde, a ministra adotou a demissão como método para resolver os problemas.

O presidente Lula, que fez críticas públicas à ministra, tem negado a troca dela, mas a coluna apurou que uma saída honrosa está sendo desenhada dentro do governo. A saúde tem causado prejuízos à imagem do petista, com o país enfrentando a maior epidemia de dengue da sua história, crise em hospitais e falta de medicamentos e vacinas. A oposição tem chamado Lula nas redes sociais de "presidengue".

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Em reunião com a ministra na semana passada, a Frente Nacional dos Prefeitos informou que, desde julho do ano passado, enfrenta problemas no abastecimento das doses da vacina contra varicela e hepatite A. Em Campinas (SP), por exemplo, o estoque atual é de 120 doses para varicela (seriam necessárias 18 mil doses) e 24 doses de hepatite (precisariam de 9 mil), quadro que se repete em várias cidades do país.

Os demitidos na Saúde

Eles são: Nésio Fernandes (secretário de Atenção Primária); Helvécio Magalhães (Secretaria de Atenção Especializada); Alexandre Telles (diretor de Gestão Hospitalar), Andrey Roosewelt Chagas (diretor), Carmem Pankararu (diretora) e Sandra Maria Barbosa Durães (coordenadora).

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