Quarentena de Bolsonaro é cercada de mistérios
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Atualizado às 18h15: foi divulgado agora o segundo exame do presidente Bolsonaro, que também deu positivo para coronavírus.
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Quem é o médico que cuida dele?
Qual é o tratamento? Só cloroquina?
Como evoluiu a doença até agora?
Quando será divulgado o primeiro boletim médico?
Até agora, só o que se sabia era o resultado do exame que deu positivo para coronavírus, apresentado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro à CNN, oito dias atrás.
O único nome de médico que apareceu até agora nesta história é a da dra. Ana Luiza Cruz de Almeida, do laboratório Sabin de Medicina Diagnóstica, que liberou eletronicamente o exame.
Em outra entrevista à mesma emissora, ele havia dito que estava se sentindo bem, sem febre, e anunciou que faria novo exame na terça-feira.
É tudo tão estranho e misterioso na quarentena do presidente que agora muita gente está até duvidando que ele se tornou mais uma vítima da pandemia, que já contaminou quase 2 milhões de brasileiros.
Bolsonaro realizou seus primeiros exames para covid-19 em março, quando voltou de uma viagem oficial aos Estados Unidos, onde ele se encontrou com Donald Trump.
Embora mais de 20 pessoas da comitiva tenham sido diagnosticados com a doença, o presidente garantiu que os resultados dos seus exames deram negativo para covid-19.
Ao contrário do que fez agora, Bolsonaro se recusou a mostrar os exames.
Só dois meses depois, quando o Estadão ingressou com um pedido no Supremo Tribunal Federal, para que o presidente informasse sobre o seu estado de saúde, alegando que o assunto era de interesse público, o Palácio do Planalto divulgou os resultados.
Mas, na época, ele usou codinomes, alegando questões de segurança.
Agora, que deu positivo, o resultado aparece com o nome completo de Jair Messias Bolsonaro.
Nenhum ministro que esteve com ele, nos dias anteriores ao anúncio da doença, foi contaminado, nem a primeira-dama e as filhas.
Só o empresário Paulo Skaf, presidente da Fiesp, que participou de uma reunião com Bolsonaro, foi contaminado, e se encontra internado no Hospital Sírio-Libanês.
Como já não se sabe mais o que é verdade e o que é fake news, criou-se a curiosa situação em que, primeiro, as pessoas não acreditaram no resultado negativo e, dessa vez, duvidam do diagnóstico positivo.
Para garantir seu espaço na mídia, uma vez por dia Bolsonaro aparece na entrada do Alvorada, agora de máscara, cercado de seguranças e emas, olhando para o vazio.
Fora isso, ele só virou notícia ao postar no Twitter que "a esquerda quer descriminalizar a pedofilia", o que é mais uma mentira.
De onde ele tirou essa informação? Não se sabe. Bolsonaro não costuma apresentar provas do que diz.
Em toda a crise criada entre o ministro Gilmar Mendes, que ligou o Exército ao genocídio de índios na Amazônia, e o Ministério da Defesa, o presidente não se manifestou até agora.
Nesse meio tempo, o primeiro amigo Fabrício Queiroz já deixou a cadeia e voltou para sua casa no Rio, acompanhado da mulher, que estava foragida e ganhou um habeas corpus preventivo.
O que mudou no governo com a quarentena de Bolsonaro? Até agora, nada. Antes da doença, o presidente já havia se recolhido ao silêncio, em sua nova fase "paz e amor".
A ala militar continua com nove ministros, a ala ideológica continua com quatro (Educação, Direitos Humanos, Cultura e Relações Exteriores), o DEM continua com dois e o PSD entrou na esplanada com um, mas o Centrão quer mais.
O número de óbitos na pandemia já passou de 73 mil e a Amazônia continua queimando, Paulo Guedes não desiste de ressuscitar a CPMF e os salários de quem continua empregado podem ser reduzidos.
Uma vitória Bolsonaro pode comemorar: como ele queria, desde o início da pandemia, em todo o país o comércio reabriu as portas, acabou o isolamento social e a cloroquina está liberada para todos, até para os índios.
Pra frente, Brasil!
Vida que segue.
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