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Sem chance de "terceira via", disputa em 2022 ficará entre Lula e Bolsonaro
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Com as desistências de Huck, Moro e Amoedo, oficializadas esta semana, a frenética busca de uma "terceira via" para 2022 foi para o espaço.
Dos 15 nomes de pré-candidatos que pipocaram nos últimos meses para ocupar o lugar de "nem-nem" (nem Lula nem Bolsonaro, para evitar a polarização), nenhum emplacou.
Os motivos foram variados, mas o principal acabou sendo só um: a falta de votos.
Huck, aquele que foi sem nunca ter sido candidato, achou mais seguro renovar rapidamente o contrato com a Globo por mais cinco anos, para ficar com a vaga do Faustão, antes que surgisse outro concorrente (Thiago Leifert foi muito elogiado ao substituir o titular no último domingo).
Moro comunicou aos seus patrões nos Estados Unidos, onde está morando, que não será mais candidato a presidente, algo que, na verdade, nunca chegou a ser.
Amoedo tirou o time porque seu partido, o Novo, está dividido entre apoiar ou não o governo.
Desta forma, restaram apenas dois outros pré-candidatos, que nunca passaram de um digito nas pesquisas: Ciro Gomes (6%) e João Doria (3%), de acordo com o último Datafolha.
Doria ainda precisa enfrentar as prévias do PSDB, marcadas só para novembro, mas ainda não é certo que o partido terá candidato (se depender de Aécio Neves, seu principal inimigo, não terá).
Ciro ainda não sabe se bate em Bolsonaro ou em Lula para para ser a "terceira via", em aliança com partidos mais à direita, que estão sem candidato até o momento.
Mais provável é que ele dispute o terceiro lugar com Doria, que deve crescer nas pesquisas a bordo das vacinas, e ele fique mais uma vez fora do segundo turno.
A um ano e meio das eleições, o que no Brasil é uma eternidade, o cenário para 2022 parece cada vez mais reduzido aos mesmos favoritos de 2018, se Moro e o general Villas Boas, com o STF, não tivessem tirado Lula da disputa e deixado o caminho livre para Bolsonaro. .
Segundo o último Datafolha, de 11 e 12 de maio, Lula (43%) e Bolsonaro (21%) têm mais intenções de votos no primeiro turno do que os outros todos somados, deixando pouco espaço para o surgimento da tal "terceira via".
No segundo turno, Lula (55%) venceria por larga margem o atual presidente, que tem 23% de intenções de voto e 54% de rejeição.
Lula está à frente de Bolsonaro em todas as regiões do país, faixas etárias e de renda, inclusive entre os evangélicos, em que, surpreendentemente, aparece em empate técnico, com 35%, contra 34% do capitão.
Diante desse quadro favorável, o ex-presidente joga parado, quase sem sair de casa, costurando na moita alianças à direita e à esquerda, e montando palanques estaduais, enquanto o seu principal concorrente corre de um lado para outro do país, inaugurando trechos de obras e promovendo motoceatas.
Para usar uma imagem de futebol, tão cara aos dois candidatos, o petista toca a bola de lado e joga no erro do adversário, que se vê obrigado a ir ao ataque, deixando a retaguarda desprotegida.
Para acelerar a campanha à reeleição, depois de entregar a administração do governo aos cuidados dos generais e do Centrão, o maior problema de Bolsonaro, fora todos os outros, é encontrar um partido, qualquer um, capaz de manter unida a sua base aliada.
Acossado pela CPI da Pandemia, com índices crescentes de inflação e de desemprego, o presidente vive o momento mais difícil dos seus dois anos e meio de mandato, agora correndo atrás de vacinas da Pfizer, que ele desdenhou, e de uma nova Bolsa Família, para chamar de sua.
Agora que a campanha antecipada já está indo para as ruas, com protestos a favor e contra o governo, o grande desafio do PT é encontrar uma forma de enfrentar o adversário no campo dele, onde é mais forte: o das redes sociais.
Foi-se o tempo dos comícios, dos debates e dos programas de TV produzidos por grandes marqueteiros.
A disputa agora é decidida no jogo pesado das plataformas de internet, onde não há regras nem controles, e impera o vale-tudo das fake news, uma batalha que já começou no submundo digital, e poucos se dão conta. Basta ver a área de comentários aqui na coluna.
É isso que explica a resiliência do bolsonarismo e a sobrevivência do antipetismo militante em parcelas da população.
Sem a bandeira do combate à corrupção e à velha política, agora que Moro foi embora e o Centrão entrou no governo, Bolsonaro já desfraldou novamente a do perigo comunista, da volta dos vermelhos, que ameaçam a tradição, a família e a propriedade.
O medo de perder a eleição e de ser julgado pelos atos que cometeu no governo faz o presidente radicalizar cada vez mais, e investir no voto impresso e na denúncia de fraudes na urna eletrônica, que ainda nem foram abertas.
Em contraposição, o ex-presidente investe novamente no figurino do "Lulinha, paz e amor", como candidato da conciliação nacional, mas uma coisa é certa: vai ser uma guerra, não um passeio.
Na eleição de 1994, devemos lembrar, Lula também parecia eleito em maio, quando tinha o dobro das intenções de votos de FHC - e aí veio o Plano Real para inverter as curvas das pesquisas.
A diferença é que agora não se vislumbra como inventar um novo Plano Real para vender um sonho ao alcance das mãos.
Ao contrário, a dura realidade da vida é uma tragédia que já deixou quase 500 mil mortos e parece não ter fim.
Acabou a ilusão da "terceira via", do "nem-nem".
Queiramos ou não, a disputa se dará mesmo entre um ou outro, Lula ou Bolsonaro.
Vida que segue.
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