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OPINIÃO

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Prefeito de Mato Grosso organiza caravanas para "batalha final" no feriado

Colunista do UOL

14/11/2022 19h56

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"Ô pessoal do comércio, do agro, vamos para Brasília. É lá a batalha final. É lá onde mora o nosso inimigo", diz o prefeito de Tapurah (MT), Carlos Capeletti (PSD), no vídeo que gravou para convocar os bolsonaristas a participarem das novas manifestações antidemocráticas marcadas para o feriado desta terça-feira, em frente ao Quartel-General do Exército, conhecido como "Forte Apache", onde acamparam há 10 dias para pedir intervenção militar contra o resultado das eleições.

Na mensagem em termos bélicos e grandiloquentes, Capeletti afirma que, "se até o dia 15 de novembro o Exército não tomar alguma atitude em prol da nação brasileira e da nossa liberdade, nós vamos tomar uma atitude. Tenho certeza que, aos milhões lá, alguém vai ter uma ideia. Vamos tomar o Congresso, o STF, até o Planalto. Se até lá o Exército não tomar uma atitude, vamos nós fazer uma nova Proclamação da República".

O prefeito do Mato Grosso, que dá a cara a tapa, é uma exceção entre os organizadores das caravanas e dos acampamentos, golpistas, que agora se escondem e se declaram democratas, depois que muitos deles já foram identificados pelo Ministério Público Federal e Polícia Rodoviária Federal, por ordem do Supremo Tribunal Federal. O prefeito Capeletti ainda agradece no vídeo os empresários que fecharam as portas em protesto pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Esse é o verdadeiro "inimigo oculto", não as urnas nem o TSE.

"Cumpre-se o que estava previsto desde o começo das arruaças golpistas. Não há patriotas com grife nas ruas e estradas. Eles são os incitadores. Mas estão saltando fora e abandonando os soldados. Médios e pequenos empresários, empurrados para atos golpistas por líderes nacionais do bolsonarismo, desafiam as leis, a Constitujição e o TSE, sem que seus líderes milionários estejam por perto", relata o colunista Moisés Mendes no portal Brasil 247.

Por esse motivo, de fato, não haverá em Brasília os "milhões" de manifestantes aguardados pelo prefeito de Tapurah. Anunciados e organizados há várias semanas, oferecendo transporte e comida de graça para os participantes das caravanas, nos últimos dias arrefeceu a mobilização nas redes sociais.

Reportagem de Thaísa Oliveira e Cézar Feitosa na Folha identificou caravanas gratuitas com destino a Brasília saindo de oito cidades de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás, mas uma delas, que partiria de Guarulhos (SP) já tinha sido cancelada por falta de financiadores.

"Ônibus para Brasília! Saída dia 11/11, às 19h, centro de Guarulhos. Gratuito. Sem data de retorno. ", dizia o convite para a caravana. Os nomes dos responsáveis pela excursão dos patriotas não aparecem.

Na quarta-feira, algumas centenas de caminhões e ônibus já tinham chegado para o ato em Brasília e estão estacionados numa área do Quartel General indicada pelos militares, que até agora não se incomodaram com as dezenas de barracas, churrasqueiras e banheiros químicos ali instalados.

Ao contrário, o comandante da Força Aérea Brasileira, o bolsonarista tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, até deu uma força aos patriotas revoltosos, ao curtir cinco mensagens direcionadas a ele no Twitter com pedidos de teor golpista às Forças Armadas, como informa a coluna Radar da revista Veja.

No dia seguinte, Baptista Junior assinou uma nota conjunta com os chefes do exército e da Marinha sobre as "manifestações populares que vêm ocorrendo em inúmeros locais do país" em que os militares afirmam o "compromisso irrestrito e inabalável com a democracia e com a harmonia política e social" e condenam "eventuais restrições a direitos por parte dos agentes públicos".

As curtidas foram reveladas pelo jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles. Diz uma das mensagens:

"É inadmissível o que estão fazendo com nosso país @CBatista Jr vocês precisam estar ao lado do povo que tanto clama ajuda".

Na entrada do acampamento sedicioso, uma grande faixa faz o apelo: "SOS FFAA".

A nota dos militares foi claramente dirigida ao Tribunal Superior Eleitoral, não citado, que procura desbloquear ruas e rodovias para colocar um pouco de ordem no país e é acusado pelos golpistas de impedir as manifestações e cercear a liberdade de expressão.

Neste jogo de faz de conta dos militares e seguidores de Bolsonaro, duas semanas após a proclamação dos resultados da eleição, o capitão-presidente continua em silêncio, recluso no Palácio da Alvorada, e até agora não reconheceu a vitória de Lula.

Devem estar preparando um terceiro turno.

Vida que segue.