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Moderado e apoiado por Renans e Lula: quem é o novo governador de Alagoas
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O deputado estadual e produtor rural Paulo Dantas, 42, foi eleito hoje o novo governador de Alagoas para um mandato tampão até 31 de dezembro. Porém, no que depender dele e do grupo ao qual ele faz parte —comandado pelo senador Renan Calheiros (MDB)—, o tempo de permanência será esticado em mais quatro anos.
Pouco conhecido do eleitor fora do sertão, onde tem suas bases eleitorais, Dantas é um político considerado moderado e negociador. Até por isso, foi escolhido no grupo calheirista para disputar a reeleição em outubro e acompanhado de um palanque forte com o ex-governador Renan Filho (MDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os três, por sinal, se encontraram em 5 abril, em São Paulo, e posaram para a tradicional foto da aliança.
Deputado estadual em primeiro mandato, Dantas terá agora à frente do governo a missão de se tornar mais popular do grande eleitorado para encarar uma campanha eleitoral com nomes mais conhecidos, como o do senador Rodrigo Cunha (União Brasil) e o do ex-prefeito de Maceió e ex-deputado federal Rui Palmeira (PSD).
Paulo Dantas faz parte de uma família tradicional do sertão alagoano, mais especificamente de Batalha (a 188 km de Maceió), onde foi prefeito entre 2005 e 2012 —e onde hoje sua esposa é a prefeita.
Filho do ex-deputado estadual e federal Luiz Dantas, ele herdou as bases deixadas pelo pai. Sua indicação ao governo contou com o apoio e a articulação do presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Marcelo Victor (MDB).
Dantas e Victor, por sinal, eram aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), mas romperam justamente para formar um bloco e garantir o nome de Dantas na chapa com apoio de Lula e dos Renans.
Durante a campanha para eleição do mandato tampão, Dantas atacou Lira devido às ações judiciais que protelaram a realização da eleição pela Assembleia.
"Os partidos ligados ao deputado Arthur Lira pedem que o voto seja secreto, que não tenha transparência. O que me deixa mais indignado com o que está acontecendo é saber que eles recorreriam ao Judiciário de qualquer jeito, com a finalidade de tumultuar", disse.
Perfil
Formado em administração, Paulo Dantas é produtor rural, casado e tem duas filhas. Ele estava em seu primeiro mandato como deputado estadual e, no Parlamento alagoano, era líder do bloco da maioria e presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
Segundo o cientista político Ranulfo Paranhos, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), apesar de ser deputado estadual de primeira viagem, Dantas é um ex-prefeito que vem de um sobrenome tradicional na política.
"O pai dele é ex-deputado e foi presidente da Assembleia. Então, quando ele se candidata a deputado estadual, ele está fazendo uma permuta com o pai [que deixou a política]. A esposa dele é prefeita da cidade de Batalha atualmente, então não é alguém que chegou agora na política: ele já nasce e já tem de um DNA da política", afirma.
Um dos desafios dele daqui por diante, diz, é que Paulo terá de ser conhecido especialmente na região da zona da mata litorânea. "Ele não é alguém tão conhecido por estar no primeiro mandato, por ser da região do sertão e por nunca estar envolvido nesse topo da pirâmide dessas discussões políticas", afirma.
Mas por que então não houve a escolha de um nome mais conhecido para disputar a eleição? Ranulfo conta que dois motivos contam decisivamente para isso.
"Renan Filho, depois de sete anos, não conseguiu fazer um sucessor, um herdeiro político. É uma árvore sem sombra. Mas ele abriu espaço para a disputa dentro do MDB e do grupo dos aliados", conta.
Dentro desse grupo, diz Paranhos, o deputado Paulo Dantas sobressaiu. "Ele fez uma pré-campanha para governador visitando lideranças políticas no estado que poderiam lhe dar apoio. Nessas visitas ao interior, ele encontrou líderes e conseguiu a simpatia e a confiança do governador", pontua.
Outro ponto que ele destaca é que Dantas tem um perfil conciliador e não radical.
Ele não só integra o grupo e avança na confiança, mas é um político moderado, sem extremos. Ele não é um conservador ou reacionário, nem é um revolucionário. Políticos assim conseguem negociar com mais versatilidade."
Ranulfo Paranhos, da Ufal
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