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Novatos na disputa a governos do Nordeste 'colam' em Lula por popularidade
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva andou distribuindo sorrisos e declarações de apoio a candidatos novatos que vão disputar os governos estaduais pelo PT ou são aliados no Nordeste.
Depois do término da janela partidária, das renúncias e das desincompatibilizações de políticos dos cargos, nomes que ainda são pouco conhecidos do grande público —mas que foram escolhidos por grupos que comandam seus estados— correram para mostrar uma ligação com o ex-presidente.
Em menos de uma semana, Lula visitou, foi visitado ou gravou vídeo de apoio a candidatos de Bahia, Alagoas, Piauí e Pernambuco. Em comum, todos são políticos que nunca disputaram grandes cargos executivos, no governo estadual ou em capitais, e ainda patinam nas pesquisas espontâneas pela falta de conhecimento do eleitor.
Na Bahia, colégio eleitoral que o PT domina há 15 anos, Lula foi generoso: esteve em Salvador no dia 1º de abril para lançamento da pré-candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT).
Ex-secretário de Educação do governo Rui Costa (PT), ele nunca foi candidato na vida e acabou escolhido em cima da hora pelo grupo após as desistências dos senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD).
Um dos desafios dele é se tornar conhecido do grande público e enfrentar nomes fortes em outubro, com do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) e do ex-ministro João Roma (PL).
Em Alagoas, quatro dias após deixar o cargo, o ex-governador Renan Filho (MDB) levou seu candidato à sucessão, o deputado estadual Paulo Dantas (MDB), para tirar uma foto com o ex-presidente —e, claro, rasgou elogios na postagem.
Dantas deve vencer e assumir o governo tampão na eleição indireta de Alagoas no dia 2 maio, com apoio dos deputados. Ex-prefeito de Batalha, no sertão alagoano, ele é pouco conhecido ainda do eleitorado e tem investido para ter visibilidade pública.
O mesmo movimento tem sido feito pelo deputado federal Danilo Cabral (PSB), que será candidato ao governo de Pernambuco com apoio do PT. Nesta quinta-feira, ele postou foto ao lado de Lula e disse que tem "muita união, entrega e parceria" com ex-presidente. Nesta sexta, esteve no ato de anúncio de Geraldo Alckmin (PSB) como vice de Lula.
No estado, por sinal, a disputa pela imagem de maior aliado de Lula já começou. Além de Cabral, os pré-candidatos Marília Arraes (Solidariedade) e Miguel Coelho (União) afinaram em discursos recentes que Lula é um "patrimônio do Brasil".
A deputada federal, por sinal, era do PT até março, mas acabou deixando o partido por causa da relação estremecida com o PSB, partido com que travou uma intensa disputa na eleição do Recife em 2020. Ela ainda não decidiu, mas deve ser candidata ao governo ou ao Senado.
No caso do Piauí, o agora ex-secretário da Fazenda Rafael Fonteles não visitou (nem foi visitado por) Lula, mas recebeu um vídeo de apoio de Lula logo após deixar o cargo.
Também sem experiência eleitoral, ele foi uma indicação do ex-governador Wellington Dias (PT) —que vai disputar a vaga do estado no Senado.
Lula pode dar voto, dizem cientistas
A busca por Lula pode ser explicada nas pesquisas. No último levantamento da Quaest/Genial, o ex-presidente aparece com 58% contra 23% de Jair Bolsonaro (PL) no Nordeste —região em que lidera com maior vantagem do país.
"Lula é um tipo de marca que, quando você cola a um candidato, aumenta a chance de voto. O apoio faz diferença, a ciência política já identificou isso com clareza", afirma o cientista político e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) Ranulfo Paranhos.
No caso dos candidatos desconhecidos, Paranhos afirma que Lula é importante para alavancar candidaturas de aliados na região, mas ele não fez as escolhas dos nomes em nenhum dos quatro casos da reportagem.
Olhando para eles, vemos que não são candidatos crias do Lula. Eles não surgiram e não terão sucesso garantido por causa dele.
Ranulfo Paranhos, da Ufal
Paranhos cita Alagoas como exemplo, em que a escolha de Paulo Dantas não passou por qualquer influência de Lula ou do PT. "Ele é um político de primeiro mandato [na Assembleia], mas a família é política há muito tempo. Ele conseguiu espaço dentro do governo pelas relações políticas e foi indicado, independentemente do Lula, a ser candidato ao governo", afirma.
O cientista político Vitor Sandes, que é professor da UFPI (Universidade Federal do Piauí), lembra que, como as eleições estaduais e federais são casadas, é estratégico para os candidatos à Presidência terem apoios palanques nos estados. "E, para os candidatos ao governo do estado, é fundamental se vincularem a candidatos à Presidência da República, sobretudo, aqueles que possuem mais viabilidade eleitoral", explica.
No caso do Nordeste, Sandes lembra que a região tem sido a grande base para o PT nas disputas presidenciais.
"O apoio de Lula é essencial para que esses candidatos demarquem seu espaço político e tentem atrair votos de eleitores identificados ao lulismo. E essa é uma variável bastante relevante nas eleições nos estados nordestinos", conclui.
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