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Entrada de Collor 'encolhe' aliado de Lira na disputa ao governo de Alagoas
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A entrada de Fernando Collor de Mello (PTB) na disputa para o governo de Alagoas parece ter tirado votos do candidato apoiado pelo outro principal aliado de Jair Bolsonaro no estado, o deputado Arthur Lira (PP). Líder nas pesquisas até maio, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) aparece agora na terceira colocação na maioria dos levantamentos feitos até aqui.
Apesar de ter Lira como aliado, Cunha foge do rótulo bolsonarista e se coloca como um político independente, além de apoiador da terceira via. Na sexta-feira passada, por exemplo, ele recebeu em Maceió o pré-candidato à Presidência de seu partido, Luciano Bivar (União Brasil).
O cenário em Alagoas, no momento, aponta para uma disputa pelo governo a ser definida em segundo turno, com cenário mais provável de ter o governador Paulo Dantas (MDB) —que lidera a corrida em todos os institutos— contra Collor ou Cunha.
Dantas tem o apoio da família Calheiros e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele foi eleito governador pela Assembleia Legislativa em 15 de maio, após uma série de idas e vindas provocadas por ação na Justiça que foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal).
Veja os principais levantamentos de intenção de votos
DataSensus:
- Paulo Dantas (MDB) - 26,6%
- Fernando Collor (PTB) - 18,8%
- Rodrigo Cunha (União Brasil): 17,8%
- Rui Palmeira (PSD) - 11,9%
Registro no TRE: AL-847/2022
Pesquisa Ibrape:
- Paulo Dantas (MDB) - 30%
- Fernando Collor (PTB) - 19%
- Rodrigo Cunha (União Brasil): 16%
- Rui Palmeira (PSD) - 10%
Registro no TRE: AL-08723/2022
- Paulo Dantas (MDB) - 26%
- Fernando Collor (PTB) - 20%
- Rodrigo Cunha (União Brasil): 20%
- Rui Palmeira (PSD) - 13%
Registro no TRE: AL-04092/2022
Paraná Pesquisas:
- Paulo Dantas (MDB) - 24,9%
- Fernando Collor (PTB) - 22,8%
- Rodrigo Cunha (União Brasil): 17,5%
- Rui Palmeira (PSD) - 15,1%
Registro no TRE: AL-07421/2022
Cenário indefinido
Para a cientista política Augusta Teixeira, doutoranda na área pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o fato de Rodrigo Cunha ser um candidato mais associado ao "centrão" do que a Bolsonaro pode estar trazendo um custo para as intenções de voto dele.
"Collor tem associado mais sua imagem a Bolsonaro como uma tentativa de fortalecimento. Aqui há uma particularidade, indo além da questão bolsonarista. Quem vota em Rodrigo Cunha é, com certeza, um voto anti-Calheiros", diz.
A entrada de Collor na disputa, porém, retira votos que Rodrigo Cunha teria em caso de haver um "espaço vazio" ao bolsonarismo no estado.
"É perceptível que o eleitorado de Cunha é conservador, mas não necessariamente tão conservador quanto o de Bolsonaro/Collor. Associar a imagem de Rodrigo Cunha à de Bolsonaro tem seus erros e alguns acertos —e a equipe sabe sobre isso. Tanto que o movimento foi o de tentar aproximar a imagem do candidato ao União Brasil, como foi visto com a vinda de Bivar para Alagoas", completa.
Apesar de o cenário hoje ser desfavorável, ela vê possibilidade de Cunha mudar de discurso e tentar uma aproximação com Bolsonaro durante a campanha —e assim tentar tirar votos de Collor.
É uma clássica escolha de Sofia que precisa ser feita com cautela e atenta aos possíveis prejuízos e ganhos que possam vir com esse sinal favorável ao atual presidente."
Augusta Teixeira, cientista política
Para o diretor de Pesquisas do Instituto DataSensus, o cientista Mario Bispo, a eleição em Alagoas se encaminha para um segundo turno com uma presença já dada como certa: a do governador Paulo Dantas.
"Ele conta com apoio de 20 deputados estaduais, de 60% a 80% dos prefeitos, de um partido [MDB] e de um dos grupos mais fortes [dos Calheiros] no estado. Ainda alinha seu voto com o do presidente Lula, que tem 50% das intenções de voto no estado", afirma.
Restaria, então, uma vaga a ser disputada entre Collor e Cunha. Nesse caso, Bispo também vê uma disputa em aberto, mas com leve favoritismo para o ex-presidente da República.
"O ex-presidente Collor tem a vantagem de alinhar o voto bolsonarista no primeiro turno. Como ele é muito conhecido e forte no estado, tem um eleitorado cativo de 20%, no mínimo. Com o alinhamento ao bolsonarismo, se torna assim o favorito para ir ao segundo turno."
Já Rodrigo Cunha, diz, conta com um apoio importante do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB). "O prefeito tem uma gestão muito bem avaliada pela população, e Rodrigo lidera a intenção de voto na capital. E ele tem o apoio do presidente da Câmara, que agrega a capilaridade que faltava para a candidatura se fortalecer no interior do estado", completa.
Já para o quarto colocado, o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira, Bispo prevê uma perda de força durante a campanha eleitoral. "Ele deve continuar a declinar pela falta dessa capilaridade e pelas estruturas agregadas às outras campanhas", finaliza.
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