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Em 25 dias, setembro já é o mês com mais queimadas na Amazônia em 12 anos
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Bastaram apenas 25 dias para que setembro quebrasse o recorde de mês com o maior número de queimadas na Amazônia desde 2010. Até ontem, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) computou 36.850 focos de incêndios no bioma.
O número chama atenção porque o número de focos medidos cresceu de forma exponencial desde o início da segunda metade de agosto, levando o mês passado a ter o maior número de queimadas registrados durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o Inpe, mesmo antes de terminar o mês, os dados de setembro já superam o recorde de uma década de queimadas, de setembro de 2017, quando foram medidos 36.569 focos.
No caso da Amazônia, as queimadas são sempre ocasionadas pelo homem e fazem parte de um processo de limpeza da área. Ou seja: elas precedem o desmatamento como uma forma de destruir restos orgânicos e preparar o terreno para virar pastagem.
A informação bate com dados divulgados no mês passado. Entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram derrubados 8.590,33 km² do bioma, área maior do que a da Grande São Paulo.
No dia último 4, a Amazônia viveu seu pior dia de queimadas desde 2007, quando foram registrados 3.393 focos de calor pelo Inpe. No primeiro semestre de 2020, a Amazônia já havia registrado uma alta de 17% nas queimadas.
Segundo os dados, desde 2011, quatro dos meses com mais incêndios na Amazônia foram no governo de Bolsonaro:
- Setembro de 2022* - 36.850
- Setembro de 2017 - 36.569
- Agosto de 2022 - 33.116
- Setembro de 2020 - 32.017
- Agosto de 2019 - 30.900
* Até o dia 25 apenas
Apesar de estarmos ainda no nono mês do ano, o número de queimadas de 2022 já supera o total de 2021: 82.872 neste ano contra 75.090 do ano passado.
Quando vemos o mapa do desmatamento, os municípios batem com os que têm queimadas. Ou seja, onde teve muito desmatamento em julho e agosto, é onde as áreas estão abertas e precisam ser 'limpas'."
Mariana Napolitano, do WWF-Brasil
Por conta das queimadas, muitas cidades estão sofrendo com intensa fumaça nas últimas semanas, como o é o caso de Porto Velho, que enfrentou na semana passada um ar muito mais poluído do que a média.
Como explicaram especialistas à coluna, dois fatores parecem ser primordiais para explicar o ciclo de fogo na Amazônia: o temor que o presidente Jair Bolsonaro não seja reeleito, com a escolha de um novo presidente que retome medidas de proteção da floresta, e a forte seca na Amazônia, que faz com que o fogo se alastre mais facilmente.
Queimadas puxadas pelo desmatamento
"O que a gente está vendo agora queimando é aquilo que já foi desmatado", assegura Juan Doblas, pesquisador do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e doutorando do Inpe em detecção de desmatamento por radar.
"E por que estão queimando agora? Porque daqui a pouco começa a chover e não vai dar para queimar o que foi derrubado. Teria de esperar o ano que vem, que poderá estar em cenário político diferente", completa.
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