Bolsonaristas atacam FAB por levar comida a ianomâmis: 'Frete para SP?'

Uma postagem feita hoje pela FAB (Força Aérea Brasileira) mostrando uma operação para levar comida ao povo ianomâmi, que está desnutrido e morrendo em Roraima, gerou críticas e ironias de bolsonaristas, que usaram o post do Twitter para atacar a instituição e a ação emergencial em socorro aos indígenas.

O post cita que ontem a FAB levou 1,3 tonelada de cestas básicas para a região de Surucucu, no noroeste de Roraima e uma das mais afetadas pela fome na terra Ianomâmi.

A crítica dos extremistas é porque a Aeronáutica teria "se vendido" a Lula e ao seu governo, em vez de impedir a sua posse em 1º de janeiro. "Deveria mudar o nome melancia aérea", diz um internauta no twitter.

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O termo melancia tem sido usado em vários momentos por golpistas, em referência ao verde da farda do Exército, mas que os militares seriam vermelhos (referência à esquerda) por dentro.

Apesar das fotos mostrando crianças e idosos desnutridos, muitos internautas ironizaram a ação da FAB. "Ae Força Aérea...fazem frete de SP também? Qual valor por tonelada?", pergunta um internauta.

Também há comentários de quem ironiza a fome dos ianomâmi. "Índio sabe plantar e colher foi assim que aprendemos na escola", afirma um outro extremista.

Continuo vendo em todas as postagens das FFAA uma total desmoralização. Os comandantes são os responsáveis por essa desmoralização. Estão deixando chegar num ponto que ñ haverá mais reversão. Vexame e tristeza!!!"
Postagem de usuário do Twitter

Mas não foram só críticas. Ao mesmo tempo, há muitos elogios à ação emergencial da FAB. "São essas ações que dignificam as nossas forças armadas. Parabéns para a Força Áerea do Brasil. O verdadeiro espírito de patriotas", comenta um usuário do Twitter.

"Instituição de Estado age assim, em favor do povo e à luz da Constituição, não de ideologias políticas. Parabéns."
Postagem de usuário do Twitter

A tragédia causada pela desnutrição na Terra Ianomâmi resultou em uma fila de crianças com desnutrição grave para remoção para Boa Vista. O problema foi causado principalmente pela invasão de garimpeiros e consequente poluição dos rios que fornecem água ao povo.

"Nosso povo, incluindo as crianças, tomam essa água suja. Hoje tem rio que é só lama. Não temos mais água potável, e com isso chegaram problemas de saúde", diz Junior Yanomami, presidente do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena) e da Urihi Associação Yanomami.

Por conta da situação, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária aos ianomâmis. A portaria foi publicada em edição extra do DOU (Diário Oficial da União) na sexta-feira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou ontem Roraima para ver a situação e disse que o abandono do povo foi uma "desumanidade do governo anterior".

Em Roraima, o governo montou um Centro de Operações de Emergências. As ações se darão em conjunto com gestores estaduais e municipais do SUS (Sistema Único de Saúde).