Carlos Madeiro

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MPF pede afastamento de prefeito por fake news contra ação em área indígena

O MPF (Ministério Público Federal) do Pará pediu o afastamento do prefeito do município de São Félix do Xingu (PA), João Cléber de Souza Torres (MDB), por disseminar de fake news relacionadas à operação de desintrusão da Terra Indígena (TI) Aputerewa. O pedido de liminar foi feito à Justiça Federal.

Segundo a ação, o chefe do Executivo municipal disseminou mentiras sobre uma suposta paralisação da operação com objetivo de travar o processo de retirada dos invasores. A operação para retirar não indígenas da TI cumpre um conjunto de decisões da Justiça Federal e do STF (Supremo Tribunal Federal).

O UOL tentou localizar o prefeito por meio de mensagem, mas não obteve resposta. Se houver um posicionamento, o texto será atualizado.

É patente a intervenção indevida do prefeito ao divulgar informações falsas com o intuito de prejudicar a desintrusão da região demarcada como terra indígena Apyterewa.
MPF-PA

Um exemplo citado na ação é um vídeo publicado no último dia 17 no perfil da prefeitura e no perfil pessoal do prefeito afirmando que teria conversado com o governador Helder Barbalho (MDB) e com o presidente Lula (PT) e que desintrusão teria sido suspensa.

Segundo o MPF, não houve qualquer paralisação.

O prefeito ainda informa erroneamente a população acerca de uma suposta suspensão da operação, incitando a população contra a operação, gerando risco à segurança da população envolvida e, consequentemente, pondo em risco a própria conclusão da desintrusão.
MPF-PA

João Cléber ainda afirma que os invasores só deixarão a área após recebimento de uma indenização. No começo dos anos 2000, mais de mil famílias não indígenas ocuparam a terra indígena Apyterewa, mas decisão do STF entendeu que a invasão era irregular.

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Outras acusações

Além disso, o MPF cita que, apesar das decisões judiciais que ordenam a desocupação da área, o prefeito não estaria cumprindo medidas como consulta prévia e garantia aos interesses dos indígenas, além de ignorar o licenciamento ambiental.

O MP alega ainda que "há registros de fatos recentes que comprovam a atuação da Prefeitura no sentido de apoiar a ocupação irregular de áreas situadas no interior da TI Apyterewa."

TI Apyterewa, no Pará, que passa por operação de desocupação
TI Apyterewa, no Pará, que passa por operação de desocupação Imagem: MPF

A retirada dos invasores tem causado tensão na área, e um confronto no dia 16 terminou com a morte de um homem pela Força Nacional. "O caso demonstra que a incitação de resistência proporcionada pelo prefeito coloca em risco a vida de todas as pessoas da área", alega o MPF.

O MPF alega que o prefeito "cometeu os ilícitos utilizando-se de suas funções do Poder Executivo municipal."

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Caso o demandado permaneça no cargo, empregará os mesmos artifícios, dificultando ou até mesmo inviabilizando o processo de desintrução, o qual teve início no começo de outubro/2023, por determinação do STF, com a mobilização de grande efetivo das forças de segurança para o Sul do Pará e, por consequência, com elevado dispêndio de recursos públicos (materiais e humanos).
MPF-PA

Ocupação da TI Apyterewa, no Pará
Ocupação da TI Apyterewa, no Pará Imagem: MPF

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