Mesmo sem folia no Carnaval, Maceió lidera ranking de destino mais buscado

A paz na praia atrai famílias —muitas com crianças— que fogem de centros urbanos maiores ou de folia.

A ideia é aproveitar o feriadão, descansar e conhecer as belezas tão faladas de Maceió.
Juliana Angélica, que irá com o marido e a filha de 7 anos, de Belo Horizonte

O foco nos turistas que querem fugir de locais de folia de grandes cidades se tornou um "marketing" da cidade na captação de viajantes.

Maceió é um destino que vem crescendo muito, que tem excelente infraestrutura para receber o turista e trabalha fortemente sua propaganda para o Brasil inteiro. O bom resultado vem muito daí. Com uma malha aérea muito boa, ela atrai quem quer aproveitar o Carnaval em um destino de praia.
Daniela Araujo, diretora de Produtos Não Aéreos da Decolar

Segundo ela, um dos pontos a se destacar é o fato de a capital alagoana e cidades vizinhas oferecerem vários tipos de empreendimentos e passeios, que vão desde pousadas de charme a resorts de luxo.

Alagoas oferece praias muito e pouco movimentadas dentro da própria cidade e tem comércio abundante. Ou seja, a grande beleza é ter atrativos para todos os perfis turísticos, com água quente o ano inteiro e passeios personalizados.
Daniela Araujo

Só ter belas praias não garantiria pódio

Nos últimos anos, Maceió vem subindo nos rankings de busca por passeios. Em 2013, alcançou o top 3 de destinos turísticos vendidos pela operadora CVC, ficando atrás de Porto Seguro e Natal. Em 2022, ficou na liderança desse mesmo ranking.

Para o setor local, não foram apenas a divulgação e as belas praias que fizeram Maceió se tornar a nova menina dos olhos do turismo nacional.

No início da década passada, o estado de Alagoas se tornou e se manteve, por anos, o mais violento do país. Houve período em que hotéis, pousadas e restaurantes eram invadidos e assaltados, junto com os clientes, quase todos os dias. Hoje, não há relatos de crimes desse tipo.

Outro problema que também precisava ser encarado era a poluição das praias, que sofriam com as línguas negras, hoje não mais vistas na área turística.

Tivemos um contínuo trabalho em saneamento e balneabilidade urbano da cidade, com acompanhamento semanal pelos órgãos competentes.
Gabriel Cedrin, presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira) em Alagoas

Diante do cenário positivo, nem mesmo a repercussão nacional do colapso da mina da Braskem e do afundamento do solo gerado pela mineração de sal-gema em Maceió impactaram no bom resultado.

Em janeiro, beiramos uma ocupação de 95% dos leitos. Tivemos 1.086 voos em nosso aeroporto, um aumento de quase 15% com relação ao ano passado, gerando um fluxo de passageiros próximo à capacidade total de leitos disponíveis no estado.
Gabriel Cedrin

Em 2023, por exemplo, foram 2,35 milhões de passageiros que passaram pelo aeroporto Zumbi dos Palmares, um recorde e uma alta de 21% em movimento em dez anos —foram 1,94 milhão passageiros em 2013.

Para Cedrin, o sucesso de Maceió no turismo não pode ser atribuído a um único fator. Segundo ele, houve também uma grande ampliação da oferta hoteleira e de malha aérea.

Hoje, Alagoas tem 45 mil leitos na rede hoteleira disponíveis em todo o estado, metade deles na capital.

O avanço também atrai investidores, com previsão de expansão da rede hoteleira. Há 16 novos hotéis previstos para os próximos três anos, cinco deles em Maceió. Há também muitos apartamentos na orla destinados a aluguel por temporada.

Um diferencial que Alagoas traz, diz, é a oferta de diversos passeios náuticos com destino às piscinas naturais em Maceió e outras cidades do litoral.

Para o Carnaval, o perfil do turista é o mesmo: pessoas que querem aproveitar as praias e fugir do corredor da folia.
Gabriel Cedrin