Casa invadida, roupas roubadas: caçada a fugitivos no RN segue pista rural

Não demorou, e a informação chegou às forças policiais, que ocuparam as ruas da pequena área rural onde moram cerca de 70 famílias —a maioria de trabalhadores rurais.

Caso inédito na comunidade

A casa invadida durante a madrugada é de um morador de 60 anos, que estava dormindo durante a ação. Os homens levaram pão, queijo, melancia, roupa, um tênis e água. Além disso, eles ainda comeram no local. Não foram levados itens de maior valor, como aparelhos eletrônicos.

Antes de saírem da casa, eles derramaram água sanitária de uma garrafa no chão, provavelmente para estocar água.

"Eles arrombaram a parte de trás da casa, entraram e saíram por lá", conta o morador, que não quis se identificar.

Até hoje, a comunidade vivia dias de paz, sem relato de invasões de casas. "Aqui todo mundo se conhece, quando chega alguém diferente a gente sabe", diz o homem que teve a casa roubada.

"Caminho natural"

O morador José Ferreira Júnior, 59, vive na comunidade do Rancho da Caça desde 1985 e conta que todos ficaram assustados quando acordaram e viram dezenas de policiais na rua: "eram mais de 10 viaturas e helicóptero sobrevoando a comunidade."

Não é comum ver isso aqui. A gente sempre teve em mente que o presídio era segurança máxima, que jamais algo de lá nos incomodaria. Mas nós ficamos relativamente perto, seria normal eles passarem por aqui.
José Ferreira Júnior

A comunidade, diz o morador, seria o caminho mais natural para os fugitivos buscarem logo após cruzarem a rodovia RN-015, em frente ao presídio. "Ao cruzarem a pista, eles iriam ter acesso aqui livremente."

Por conta da suposta passagem dos fugitivos, as casas da comunidade foram revistadas pelos policiais para se certificar que nenhum deles abriu espaço para a dupla. "Eles estavam filmando toda a ação e pediram autorização para entrar na casa."

Após revistarem as casas, os policiais ampliaram o raio de busca para regiões vizinhas à comunidade.

Para Júnior, os suspeitos podem ter ido para uma região próxima à comunidade, onde está a Serra Mossoró, que seria mais fácil de ficar escondido em meio às buscas policiais, que foram intensificadas.

Aquela é uma região de mata, com poucos habitantes. E por lá é possível chegar ao Ceará sem serem incomodados, passando pela comunidade Alagoinha.
José Ferreira Júnior

Alcivan Villar, repórter e dono do site Fim da Linha, de Mossoró, esteve no local nessa manhã e registrou toda a ação policial. Ele afirma que, com a fuga, uma antiga repulsa da população à presença do presídio federal em Mossoró voltou a ganhar força.

"Sempre houve repúdio de Mossoró receber esse presídio. Mas desde a instalação, parte da população entendeu que ele é seguro. Só que agora muitos voltaram a criticar. Muitos alegam que a fuga foi facilitada".