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Carlos Madeiro

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Empresária abre pousada para acolher famílias desabrigadas no litoral do RS

Ao ver moradores de cidades arrasadas chegarem a Arroio do Sal em busca de refúgio, a empresária Magali Valim decidiu oferecer sua pousada apenas para desabrigados do Rio Grande do Sul que não tivessem onde ficar na cidade.

Desde a semana passada, a Pousada Natal está com 19 pessoas de quatro famílias de Canoas, que perderam suas casas e decidiram buscar refúgio na cidade litorânea, que não foi atingida pelas cheias.

No dia 8, Magali fez uma postagem colocando a sua pousada à disposição dos desabrigados. Segundo ela, as famílias estão no local desde o dia 12.

Cada notícia que eu via, aqueles salvamentos, aquelas crianças, aquelas mães, aqueles idosos... aquilo tudo me doía muito, eu só chorava. Eu então pensei: 'Deus, quero acolher', porque o que estava fazendo não era suficiente. Foi Ele quem me convidou para essa missão.
Magali Valim

Desde que as famílias estão lá, elas recebem o apoio de Magali e de um grupo de voluntários, que ajudam no preparo da comida e contribuem com itens básicos, como roupas. "Essas pessoas que estão aqui neste trabalho são muito iluminadas", diz Magali.

A pousada era dos pais dela e foi herdada após o falecimento do casal. Magali afirma que foi a primeira vez que o seu empreendimento precisou abrir portas para receber pessoas em condições vulneráveis. "Nunca tinha feito isso na vida, e estou aprendendo com cada um deles que está aqui", destaca.

A gente só plantou amor, e a gente está acolhendo isso. Há pouco chegou pelo CRAS [Centro de Referência de Assistência Social] uma família de Canoas. A gente acolheu com tanto amor. Eu disse só assim: 'obrigado, Senhor, porque tu mandaste as pessoas que eram para estar aqui.
Magali Valim

Agora, depois de mais de uma semana acolhendo, uma campanha pede kit recomeço para essas quatro famílias, que inclui fogão, botijão de gás, geladeira, cama, colchão e utensílios de cozinha como panelas, talheres e pratos. Um link para Vakinha online foi lançado para quem quiser ajudar.

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Cidade acolhedora

A cidade de Arroio do Sal virou um refúgio para muitas pessoas que estão desabrigadas nos municípios afetados pelas chuvas. Segundo a gestão municipal, 1.089 pessoas informaram que se abrigaram na cidade até sexta-feira (17). A maioria vem dos municípios de Eldorado do Sul e Canoas. Dessas pessoas, 29 não conseguiram casa e estão em abrigos públicos.

Até a sexta-feira (17), das 590 famílias cadastradas, 224 pediram para ter acesso a alimentos.

Arroio do Sol lidera ranking das cidades com mais residências desocupadas do que ocupadas
Arroio do Sol lidera ranking das cidades com mais residências desocupadas do que ocupadas Imagem: Divulgação/Prefeitura

O município tem uma peculiaridade: três quartos das residências ficam fechadas a maior parte do tempo. Conhecida como "segunda casa dos gaúchos", a cidade tem 12 mil moradores e é um destino tradicional de veraneio.

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Segundo o Censo 2022 do IBGE, 75,4% dos domicílios de Arroio do Sal são desocupados ou ocupados ocasionalmente, o maior percentual do país.

Como a cidade não foi afetada pelas chuvas, muitas famílias de outras cidades do Rio Grande do Sul estão indo a suas casas no município ou procurando amigos e parentes que têm propriedades em Arroio do Sal para ficarem alojadas.

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