Carlos Madeiro

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Reportagem

Único candidato a unir PT e PL em capitais aguarda Lula e rejeita Bolsonaro

Duarte Júnior (PSB) conseguiu algo raro na política brasileira: uniu o PT e o PL em torno de sua candidatura à Prefeitura de São Luís (MA). Ao todo, a composição conta com 12 partidos, entre esquerda e direita, com apoio do governador Carlos Brandão (PSB), sucessor de Flávio Dino — hoje ministro do STF.

Apesar de ser integrar um partido de esquerda — e de ser um aliado antigo de Dino e ter integrado seu governo —, Duarte mantém boas relações com políticos de diferentes partidos. Como vice ele terá a quilombola Creuzamar de Pinho (PT). No palanque, deixa claro que quer apenas um deles.

Eu tenho apoio do PL, mas minha parceria é com o presidente Lula. Ontem [quarta-feira] conversei com ele, que confirmou presença aqui em setembro.
Duarte Júnior

Sobre Bolsonaro, é direto: "Não pretendo ter o apoio dele". "Não é questão de gostar e não gostar, eu quero parcerias que possam desenvolver nossa cidade, que vive problemas que só pioram e aumentam", completa.

Sobre a união de espectros tão distantes, diz que se trata de um "interesse em comum".

Os problemas que São Luís tem e precisa resolver são maiores que qualquer diferença partidária. Por isso conseguimos conversar com ideologias diferentes.
Duarte Júnior

Diante do cenário, Bolsonaro não vai apoiar em São Luís o candidato do seu partido, mas sim o deputado estadual Yglésio Moyses (PRTB), um político que sempre esteve em partidos de centro e esquerda, mas esse ano deixou o PSB — do grupo de Dino — e virou bolsonarista.

Yglésio começou sua carreira política no PT, onde ficou de 2011 a 2017. Em julho, recebeu apoio e gravou um vídeo com o ex-presidente após receber a medalha de "imbrochável, imorrível, incomível".

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"Lógica no Maranhão sempre foi da união"

Segundo o cientista político Wagner Cabral, da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), a união de PT e PL tem relação com a história da política maranhense, que sempre foi de aglutinar grandes grupos em torno do poder.

O governo Flávio Dino foi um período em que ele tentou colocar no governo os mais amplos setores possíveis, inclusive da direita, inclusive do bolsonarismo, como liderança religiosa.
Wagner Cabral

Nesse caso, Cabral lembra que a relação de Duarte com o PL local é antiga. Em 2020, ele foi um dos candidatos do grupo de Flávio Dino — que por ser muito amplo acabou se dividindo em várias candidaturas. Ele inclusive deixou o PCdoB para disputar a vaga, já que os membros locais do partido lançaram Rubens Júnior na ocasião.

Duarte Júnior e Flávio Dino, ministro do STF
Duarte Júnior e Flávio Dino, ministro do STF Imagem: Reprodução/X

Duarte, porém, saiu-se como "vencedor" entre os aliados, foi para o segundo turno, ganhou apoio de praticamente todos os partidos aliados, mas perdeu a eleição para o atual prefeito e candidato à reeleição Eduardo Braide (PSD).

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Duarte se viabilizou à época pelo Republicanos, em uma aliança com PL, ou seja, ele já tinha essa relação com compartidos. Foram cinco candidatos da base do governo de Dino em 2020.
Wagner Cabral

Duarte deixou o Republicanos, entrou no PSB de Dino e acabou sendo eleito deputado federal em 2022. " A lógica de conciliação aqui sempre foi a marca do Sarney: permaneceu com Flávio e permanece agora com o Brandão", finaliza Wagner.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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