Dez indicadores mostram que N e NE avançam, mas ainda são 'outro Brasil'
Dados do Observatório Brasileiro das Desigualdades, estudo divulgado hoje pelo Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, revelam que as regiões Norte e Nordeste se destacaram com melhora de indicadores em 2023, muitos acima da média nacional. Entretanto, ainda revelam uma brutal desigualdade regional.
A coluna separou dez dos principais dados na área de educação, saúde, renda e condições de vida que mostram como as duas regiões seguem com piores marcadores em índices e revelam a disparidade de serviços e qualidade de vida entre as regiões.
Mortalidade infantil
- Norte: 15%
- Nordeste: 14%
- Brasil: 13%
- Centro-Oeste: 13%
- Sudeste: 12%
- Sul: 10%
Os dados são de 2022, os mais atuais do Ministério da Saúde, e se referem a cada mil nascidos vivos menores de 1 ano.
A mortalidade infantil é considerada um dos principais indicadores relacionados ao desenvolvimento humano por refletir, ao mesmo tempo, "condições de infraestrutura e de qualidade ambiental, assim como de políticas relacionadas à atenção básica, de saúde materna e direcionadas à população infantil".
Em 2022, todas as regiões, com exceção do Norte (que se manteve estável), tiveram aumento de um ponto percentual na taxa, em relação a 2021.
Mortalidade materna
- Norte: 75
- Nordeste: 61
- Brasil: 54
- Centro-Oeste: 53
- Sudeste: 48
- Sul: 38
Os dados de 2022 são a cada 100 mil nascidos vivos. Eles apontam para uma queda de mais de 50% em todo o país em comparação a 2021.
Maternidade precoce
- Norte - 19%
- Nordeste - 14%
- Brasil - 12%
- Centro-Oeste - 12%
- Sudeste e Sul - 9%
Os dados da pesquisa são referentes a 2023 e apontam o percentual de mães que tiveram filhos até 19 anos de idade. O dado traz uma queda de 14% no Brasil, mas ressalta que a taxa entre pessoas negras permanece sendo 43% superior à de outras raças.
Rendimento médio
- Centro-oeste: R$ 3.310
- Sudeste: R$ 3.305
- Sul: R$ 3.116
- Brasil: R$ 2.833
- Norte: R$ 2.211
- Nordeste: R$ 1.847
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OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberOs dados usados são do IBGE e referentes a 2023. Em relação à variação, em todas as regiões houve um crescimento na renda média real da população, mas a região Norte se destacou por um crescimento de 11,3 pontos percentuais na renda média mensal.
Taxa de desocupação
- Nordeste: 11%
- Brasil: 8%
- Norte: 8%
- Sudeste: 7%
- Centro-Oeste: 6%
- Sul: 5%
Os dados também são de 2023, do IBGE, e revelam que Norte e Nordeste foram as que mais reduziram seus índices, em dois pontos percentuais cada uma.
Pobreza extrema
- Nordeste: 2,7%
- Norte: 2%
- Brasil: 1,7%
- Sudeste: 1,3%
- Sul: 1,1%
- Centro-Oeste: 1%
Os dados levam em conta que as pessoas em extrema pobreza são aquelas que tinham um rendimento mensal real domiciliar per capita menor ou igual a R$ 105 (2022) e R$ 109 (2023).
Os números mostram que a região Nordeste se mantém com a maior taxa, mas foi a que mais se avançou na redução em 2023, com queda de 2%. No Norte, essa queda foi de 1,6%.
Concentração de renda
- Nordeste: 37 vezes
- Norte: 32 vezes
- Brasil: 31 vezes
- Sudeste: 28 vezes
- Sul e Centro-Oeste: 27 vezes
Nesse caso, os dados de 2022 e 2023 levam em conta o rendimento médio mensal domiciliar per capita dos 1% mais ricos e dos 50% mais pobres. Ou seja, no Nordeste, o 1% mais rico ganha 37 vezes mais que os 50% mais pobres.
Essa concentração cresceu no Sudeste, no Centro-Oeste e no Sul em 2023, mas caiu no Norte e no Nordeste. As duas regiões, porém, seguem como as mais desiguais do país.
Habitação precária
- Norte: 43%
- Nordeste: 40%
- Brasil: 27%
- Sul: 26%
- Centro-Oeste: 24%
- Sudeste: 14%
Os dados usados são da Fundação João Pinheiro no estudo de déficit habitacional do Brasil. Os percentuais se referem às pessoas que não possuem casa e fazem parte de um conjunto que inclui coabitação e ônus excessivo com aluguel.
Crianças na creche
- Norte: 17%
- Nordeste: 26%
- Centro-Oeste: 28%
- Brasil: 33%
- Sudeste: 40%
- Sul: 43%
Este indicador, com dados de 2023, se refere a crianças de 0 a 3 anos. Nesse caso, a região Sul foi a região que mais ampliou o acesso à creche em comparação a 2022, com salto de 3,5%.
Analfabetismo funcional
- Nordeste: 42,1%
- Norte/Centro-Oeste: 30,1%
- Brasil: 29,4%
- Sul: 27,8%
- Sudeste: 21,6%
Nesse caso, o dado utilizado pelo estudo é de 2018, já que não há números mais recentes sobre o tema.
Segundo o estudo, é considerado analfabeto aquelas pessoas entre 15 e 64 anos "que não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases, ainda que uma parcela deles consiga ler números familiares como o do telefone, da casa, de preços etc".
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