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Carlos Madeiro

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Reportagem

Estado de SP lidera ranking e tem seca severa ou extrema em 60% das cidades

Com baixo índice de chuvas desde final de 2023, o estado de São Paulo enfrenta agora sua pior seca desde pelo menos 1982 para um segundo quadrimestre de ano, entre maio e agosto.

Os dados são do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), que monitora a ocorrência de secas em todo o país. Ao todo, 60% dos municípios estão com condições de seca severa ou extrema, algo atípico para a época do ano.

Segundo dados parciais de agosto do Cemaden, dos 645 municípios do estado, 175 estão em seca extrema (o segundo pior) e 213 com seca severa (o terceiro pior).

No caso, pela classificação internacional, seca severa é quando ela causa grandes perdas de culturas agrícolas e pastagem. São cinco tipos de seca classificadas: excepcional, extrema, severa, moderada e grave.

Ainda segundo o órgão, se levarmos em conta os últimos seis meses, o estado de São Paulo concentra o maior número de municípios com condição de seca extrema entre todos os estados da federação.

As regiões mais afetadas incluem Amazonas, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Essa intensificação se deve principalmente aos baixos índices pluviométricos, que resultaram em maior estresse vegetativo e umidade do solo reduzida.
Boletim do Cemaden sobre análise de junho

Patamares fora da curva

Segundo Ana Paula Cunha, pesquisadora do Cemaden, a seca em São Paulo já está com uma duração de nove meses e com patamares surpreendentes para o período. "Faz tempo que estamos falando da situação de São Paulo. Foram verão, outono e inverno com chuvas abaixo da média", diz

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Desde a crise hídrica de 2014 e 2015, não havíamos registrado essa situação de intensidade e duração de seca nesse período [maio-agosto], especialmente no noroeste de São Paulo.
Ana Paula Cunha

Ela chama a atenção para os municípios que entraram em condição de seca durante o período chuvoso, como é o caso de Araraquara, no interior paulista. "A seca no município passou para moderada a partir de dezembro de 2023, ou seja, durante a estação chuvosa. E isso tem se agravado desde então."

Para a pesquisadora, a seca por si só não explica o número de focos de incêndio na semana passada, mas ela ajuda a propagação das queimadas. "O cenário que vemos hoje é, além da ignição criminosa, um evento de seca que tem se agravado", relata.

Drone mostra área queimada perto de Ribeirão Preto, em 24 de agosto
Drone mostra área queimada perto de Ribeirão Preto, em 24 de agosto Imagem: JOEL SILVA/Reuters

2024 atípico e mudanças climáticas

Sâmia Garcia, climatologista e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que os meses de inverno na região Sudeste são caracterizados por baixa precipitação, o que torna natural o estado viver com a estação seca.

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Entretanto, fatores vistos este ano fizeram o período ser diferente. "Observou-se que o outono e o inverno foram excepcionalmente mais quentes, com ondas de calor significativas", explica.

A combinação de precipitação reduzida e temperaturas elevadas pode resultar em secas e queimadas, como tem sido notado recentemente.
Sâmia Garcia

Para ela, esse fenômeno está relacionado às mudanças climáticas, que favorecem a ocorrência de fenômenos com maior intensidade.

O IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] tem alertado há algum tempo que o aumento da temperatura global pode levar a uma maior frequência de eventos climáticos extremos. Dessa forma, as mudanças climáticas estão criando condições que podem tornar as secas mais frequentes, severas e duradouras.
Sâmia Garcia

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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