CV ataca candidata na terra dos Gomes, e eleição vira caso de polícia no CE
A Polícia Civil do Ceará está investigando uma série de ataques da facção CV (Comando Vermelho) a atos eleitorais da candidata a prefeita Izolda Cela (PSB), apoiada pela família Gomes em Sobral (242 km de Fortaleza). Quatro pessoas já foram presas e duas estão foragidas no Rio de Janeiro.
Uma das vítimas de agressão foi o marido da candidata e ex-prefeito da cidade, Veveu Arruda, que no último dia 14 foi atacado na rua durante um ato de campanha no centro de Sobral. Ele ficou ferido e procurou a polícia para denunciar o caso.
No mesmo ato, também foram atirados rojões e fogos de artifício contra os participantes, e uma mulher ficou ferida.
Os ataques do grupo, segundo a polícia, são sempre contra Izolda. A polícia apura a motivação do CV, mas não chegou ainda a uma explicação sobre o motivo de o grupo tentar impedir sua eleição. O outro candidato na cidade é Oscar Rodrigues (União).
A coluna procurou a campanha da candidata, mas não houve retorno.
Izolda foi governadora do Ceará em 2022 e é natural de Sobral, terra natal da família Gomes. Ela era vice-governadora e assumiu a titularidade em abril daquele ano, logo após a renúncia de Camilo Santana (PT) para se candidatar ao Senado.
Antes de pleitear a prefeitura, neste ano, Izolda era secretária-executiva do MEC (Ministério da Educação), abaixo apenas do ministro Camilo.
Sua candidatura tem o apoio de dois dos três irmãos Gomes: o atual prefeito, Ivo Gomes (PSB), e o senador Cid Gomes (PSB).
Ciro Gomes (PDT), porém, resolveu não participar da campanha, apesar da relação histórica de sua família com a cidade. Ele está rompido com os irmãos e com Izolda desde 2022. Na época, Cid e Ivo defendiam que ela concorresse à reeleição para o governo do Ceará, mas Ciro discordava. "A faca nas minhas costas ainda dói", disse Ciro, recentemente, ao justificar a ausência da campanha.
Os ataques
As investigações começaram no começo do mês, após um homem de 36 anos postar em uma rede social uma foto de uma arma com a frase "fogo na Izolda". Ele seria integrante do CV. Em 2 de setembro, a polícia o prendeu.
A prisão, porém, não foi capaz de frear as agressões e, no dia seguinte, um novo ataque com rojões foi registrado em um ato da candidata.
A polícia avançou na apuração após quebrar o sigilo das mensagens do suspeito preso. Foi então que chegou a uma organização maior, comandada pelo CV, com intuito de atacar a candidatura de Izolda.
Para isso, a facção criou um grupo de WhatsApp para coordenar os ataques. Segundo a polícia, havia um monitoramento para saber onde haveria atos da candidata para atuarem.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receber"Esse grupo foi criado com objetivo específico de atingir os eleitores da candidata que participavam de comícios", disse o delegado Marcos Aurélio Elias de França, diretor da Polícia Civil no Interior Norte. "O objetivo era atingir com rojões e, nesse grupo, eles articulavam como iriam fazer os ataques, de que forma e o local. Houve vários atentados a eleitores dessa candidata, inclusive com pessoas feridas. Isso criou, de certa forma, um clima de medo",
Com base nessas informações, no último dia 24, foi deflagrada uma operação para cumprir 17 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão. Três pessoas foram presas e dois suspeitos estão foragidos escondidos em uma favela do Rio de Janeiro, segundo apurou a polícia. Todos eles, diz a polícia, participaram de forma efetiva do planejamento e dos ataques e vão responder pelos crimes.
Os presos na operação têm passagem pela polícia por crimes como lesão corporal, ameaça, violência doméstica, tráfico de drogas e roubo de veículos.
Segundo apurou a coluna, quem articulou o grupo é um homem conhecido como "JJ", que seria o líder do CV em Sobral. A polícia cearense diz que ele é um dos que fugiram para se esconder no Rio, junto com outros líderes da facção, e, de lá, comandam ações.
"Nós acreditamos que, com as prisões, o pleito foi pacificado, e as pessoas podem ter plena segurança de participar do processo eleitoral com tranquilidade."
Segundo o delegado, a polícia procura agora entender por que o grupo só ataca o lado de Izolda, e não os adversários. "Não sabemos responder isso ainda, estamos investigando", completa.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.