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Carolina Brígido

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Na disputa entre Lula e Bolsonaro, coadjuvantes ganham holofotes no debate

Padre Kelmon (PTB) responde Soraya Thronicke (União Brasil) no debate entre candidatos à Presidência da República - Reprodução/TV Globo
Padre Kelmon (PTB) responde Soraya Thronicke (União Brasil) no debate entre candidatos à Presidência da República Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

30/09/2022 00h45

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Um bom termômetro para saber se o debate está acalorado é quando até mesmo os candidatos da lanterna se engalfinham. O programa teve pontos altos quanto Soraya Thronicke (União), 1% no último Datafolha, e Padre Kelmon (PTB), que registrou menos que isso na pesquisa, engataram bate-bocas. Thronicke perguntou se ele não tinha medo de ir para o inferno e referiu-se a ele como padre de festa junina. Kelmon acusou a adversária de desrespeitar o sacerdócio.

Por trás da briga está a disputa por alianças no eventual segundo turno. E, caso Luiz Inácio Lula da Silva liquide a fatura no primeiro turno, o debate terá cumprido o papel de alinhar quem será governo e quem será oposição pelos próximos quatro anos, junto com Jair Bolsonaro.

Nesse quesito, o vitorioso foi o candidato petista. Durante o programa, ficou claro que Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke evitaram atacar Lula e guardaram a munição para Bolsonaro. Simone pontuou 5% no Datafolha. Ou seja: o apoio das duas senadoras podem render, em tese, 6% do eleitorado para a conta de Lula em eventual segundo turno.

Bolsonaro conseguiu a simpatia de Padre Kelmon e de Felipe d'Ávila, do Novo. Nenhum dos dois atingiu, individualmente, 1% no último Datafolha. Em tese, os dois juntos somariam um ponto aos atuais 33% das intenções de voto no atual presidente da República.

Claro que a transferência de voto no segundo turno não é imediata. Mesmo porque o índice de rejeição a Bolsonaro é de 52% e o de Lula, 39%, também de acordo com o Datafolha.

Ciro Gomes (PDT), que tem 7% de intenções de voto, bateu tanto em Lula quanto em Bolsonaro. Ele continua sendo o candidato que não abre brecha para aliança nem com o primeiro nem com o segundo colocado. Se Lula ainda tinha alguma esperança de conquistar Ciro - como demonstrou no primeiro debate, da Band -, o pedetista não deixou dúvida na Globo. Logo no primeiro bloco, os dois travaram discussão acirrada, como quem lava roupa suja em público.

Ciro já deve ter emitido a passagem para Paris, como fez em 2018. Resta saber o que os eleitores dele farão se houver segundo turno. Nessa hipótese, Lula pode levar vantagem, apesar de ter apanhado mais do adversário. Segundo o Datafolha, entre quem tem intenção de votar em Ciro, 46% estão convictos. No eleitorado não convicto do pedetista, Lula é a opção mais citada, com 38%. Bolsonaro aparece em segundo, com 18%.