Carolina Brígido

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Vaga de ministro do TST deixa Lula entre Lira, Pacheco e ala da esquerda

A escolha de Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga de ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho) pode revelar qual crise o presidente elegeu para tentar solucionar primeiro.

A lista tríplice encaminhada ao Palácio do Planalto na segunda-feira (22) tem um nome apoiado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL); outro encampado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e uma advogada que poderia atender às demandas de setores da esquerda que defendem a nomeação de mais mulheres para a cúpula do Judiciário.

Lula tenta desarmar a pauta bomba no Congresso Nacional. Nomear aliados de Lira e Pacheco pode ser um caminho para distensionar a relação do governo com os parlamentares.

Por outro lado, cresce a demanda de parte do PT e da esquerda pelo aumento da presença feminina em postos de comando. Para a vaga de Rosa Weber, no STF (Supremo Tribunal Federal), Lula escolheu Flavio Dino. Existem hoje duas vagas deixadas por ministras aposentadas no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Os mais cotados são homens.

Lira faz campanha para alçar o advogado Adriano Costa Avelino a uma cadeira do TST. Pesa contra Avelino o fato de ter defendido em uma rede social em março de 2016 a punição com guilhotina a Lula e à ex-presidente Dilma Rousseff. O advogado também disse na ocasião que seria preciso cortar a língua dos dois para "pararem de latir".

Já Antônio Fabrício de Matos Gonçalves tem o apoio de Pacheco e é ligado ao deputado Patrus Ananias (PT-MG). Outro nome é o de Roseline Morais, que defende publicamente nas redes sociais causas caras à esquerda — como o combate ao trabalho análogo à escravidão e o combate à pedofilia, além da defesa dos direitos sociais.

Na terça-feira, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), coordenadora da bancada feminina na Câmara, enviou a Lula uma nota em apoio à nomeação de Roseline para o TST. "Reforçamos nosso comprometimento com a promoção da equidade de gênero e raça em todos e quaisquer espaços de decisão do país", diz o texto.

A nota afirma que "a sub-representação de mulheres nos órgãos governamentais e judiciários também deve ser motivo de preocupação", ao citar o exemplo do STF, que tem apenas uma mulher entre os 11 ministros: Cármen Lúcia.

A vaga no TST foi aberta no fim da gestão de Jair Bolsonaro, em outubro de 2022, com a aposentadoria do ministro Emmanoel Pereira. As disputas políticas adiaram a escolha do novo ocupante da cadeira. A expectativa é que a nomeação saia nos próximos dias.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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