Lula, que nomeou poucos negros, critica 'supremacia branca' no Judiciário
Com ar surpreso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou nesta segunda-feira (16) que testemunhou uma "supremacia branca" em uma cerimônia do Judiciário. Sem citar o evento, constatou que a composição dos tribunais "nada a ver com a realidade brasileira".
Como se não tivesse nada a ver com isso, o petista verbalizou a indignação em um discurso dirigido a alunos do Instituto Rio Branco que se formaram diplomatas.
Lula participou de algumas solenidades no Judiciário recentemente. No último dia 3, foi à posse do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Mauro Campbell no cargo de Corregedor Nacional de Justiça. Em tempo: Campbell, que não é negro, foi escolhido por Lula para uma vaga no STJ em 2008.
Em 22 de agosto, o petista foi à posse de Herman Benjamin na presidência do STJ. Branco, Benjamim foi nomeado por Lula em 2006 para ocupar uma das 33 cadeiras do STJ.
"Esses dias fui à posse de um ministro num tribunal, era uma supremacia branca que não tem nada a ver com a realidade brasileira. Não tem nada a ver. Eu dizia que não vi nenhum aluno no ProUni naquela posse, não vi nenhum aluno do Fies, parecia que era um outro mundo. Então quando venho aqui e vejo que Brasil está representado na questão de gênero, na questão racial, fico com orgulho. Porque o Itamaraty é um centro de excelência", disse Lula no Itamaraty.
No primeiro governo, Lula entrou para a história ao indicar, em 2003, Joaquim Barbosa para o STF (Supremo Tribunal Federal). Antes dele, somente um negro havia ocupado a posição, Pedro Lessa, no século passado.
No governo atual, Lula não indicou nenhum negro para ser ministro titular de tribunal superior. As exceções são as ministras Edilene Lobo e Vera Lúcia Araújo, escolhidas ministras substitutas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Para as duas vagas de titulares do TSE, Lula optou por Andre Ramos Tavares e Floriano de Azevedo Marques. Para duas cadeiras do STF, os escolhidos foram Flavio Dino e Cristiano Zanin. Nenhum dos quatro é negro.
No STJ, o padrão étnico para o preenchimento das vagas foi o mesmo. Tomaram posse como ministros no ano passado Daniela Teixeira, José Afrânio Vilela e Teodoro Silva Santos. Atualmente, há duas vagas abertas no STJ. Não há favoritos negros na disputa até agora.
"Vocês serão representantes de um país que tem um povo megadiverso. Vocês não imaginam o orgulho que tenho de saber que essa é a turma que tem mais mulher, tem mais gente negra. É uma coisa extraordinária porque assim a gente vai colocando o Brasil em todas suas representações e todas suas instituições", comemorou Lula diante dos alunos do Rio Branco.
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