Candidato babalorixá denuncia à ONU racismo e intolerância religiosa
Candidato a vereador pelo PSOL do Rio de Janeiro, Pai Dário entregou à ONU (Organização das Nações Unidas) e ao Ministério da Igualdade Racial uma notificação com ataques racistas e de intolerância religiosa sofridos na campanha eleitoral.
Babalorixá, negro e gay, o candidato relatou que teve seu carro de campanha, que estava próximo à residência dele, pichado no último dia 17 com ofensas a religiões de matriz africana.
No dia 16 de agosto, o líder religioso lançou a campanha nas redes e recebeu ataques no mesmo sentido. Internautas escreveram mensagens como: "Tá amarrado"; "Exú é um demônio do inferno"; "Só muito jumento para votar em um merda desse".
O documento foi assinado pelas advogadas Camila Freitas Ribeiro e Mariana França e entregue às autoridades no dia 24 para "comunicar grave caso de racismo e intolerância religiosa que se manifestou no contexto das eleições brasileiras, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro".
Os fatos também foram registrados em uma ocorrência na Delegacia de Polícia Civil Especializada no Combate e na Repressão de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Rio, em 18 de setembro.
"O impacto dessas manifestações de racismo e intolerância religiosa não se limita apenas ao Senhor Pai Dário, porque reverbera em toda a sociedade brasileira e internacional. A gravidade das ofensas, especialmente por serem perpetradas na rede mundial de computadores, evidencia um cenário alarmante durante um processo eleitoral, criando um ambiente de hostilidade e discriminação, o que ofende os princípios da dignidade humana e da igualdade, fundamentais para a convivência democrática", diz o documento.
As advogadas citam levantamento da Safernet, ONG que mantém uma central de denúncias de violações contra direitos humanos, segundo o qual os ataques online saltaram de 614 entre janeiro e outubro de 2021 para 3.800 no mesmo período de 2022. O crescimento da prática criminosa é de 522%.
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