Reaproximação de Bolsonaro e Bivar isola 'rebeldes' do PSL de São Paulo
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Apesar de o presidente do PSL de São Paulo, deputado Júnior Bozzella, rejeitar a reaproximação de seu grupo com o presidente Jair Bolsonaro, como informou ontem a coluna, a verdade é que o acordo está bem perto de acontecer. Também a deputada Joice Hasselmann escreveu no Twitter que o partido não estaria arrependido do afastamento de "um governo estelionatário", mas o núcleo paulista é o único do país a se rebelar contra a reconciliação. As negociações chegaram a um patamar bastante adiantado.
"Já estão fechados, essas tratativas são um teatro", lamenta o senador Major Olimpio, referindo-se ao oferecimento de cargos por parte do governo. "Assim que ficar claro o acordo, eu vou me desfiliar". O senador acredita que isso pode acontecer já esta semana.
A reaproximação de Bolsonaro com o PSL tornou-se mais efetiva depois de um telefonema dado por ele ao presidente da legenda, Luciano Bivar, há duas semanas. O contato foi revelado pelos jornalistas Paulo Cappelli e Naira Trindade, no jornal O Globo,
"Isso ficou muito feio, soubemos desse movimento pela imprensa", critica Olimpio.
O rompimento entre Bolsonaro e o PSL aconteceu depois que, no ano passado, ele criticou várias vezes a legenda e tentou assumir o controle. Não teve sucesso e saiu do partido em novembro, anunciando a criação de uma nova agremiação política, Aliança pelo Brasil. A ideia não saiu do papel. Desde então, parlamentares bolsonaristas e bivaristas (ligados a Luciano Bivar) convivem às turras dentro da legenda.
Depois de constatar que é praticamente impossível governar sem base no Congresso, Bolsonaro decidiu dar cargos ao Centrão em troca de apoio e agora quer fazer o mesmo com o PSL. O presidente visa manter-se a salvo de um possível processo de impeachment. Além disso, como o mandato de presidente da Câmara do deputado Rodrigo Maia termina este ano, ele quer tentar colocar no cargo um nome alinhado com o governo.
Enquanto alguns pesselistas de São Paulo , como Olimpio, Joice e Bozzella, são contrários ao reatamento, nos diretórios dos demais estados essa possibilidade é vista como provável.
"Independente de cargos, já votamos com o governo na maioria das pautas", justifica o deputado Delegado Waldir, de Goiás. "Não podemos esquecer que fomos eleitos com a mesma pauta". Foi Waldir quem, no auge da crise do presidente com o partido, em outubro, chamou Bolsonaro de "vagabundo" em uma reunião e disse que iria implodi-lo.
O deputado goiano deixa clara sua prioridade. "Na eleição da nova mesa diretora da Câmara, o PSL quer ser protagonista", afirma.
O deputado Julian Lemos, da Paraíba, diz que não vê com bons olhos uma reaproximação. "Tive minha honra atacada pelo filho do presidente", recorda. Ele classifica a bandeira branca levantada por Bolsonaro como um "momento de lucidez", já que deve ter reconhecido o quanto foi injusto com Bivar. Mesmo depois dos atritos, Lemos não descarta o acordo da legenda com o presidente, já que, como diz, gosta de trabalhar em grupo: "Sigo o que a maioria decidir".
Major Olimpio conclui que a reconciliação vem sendo costurada por baixo dos panos há algum tempo. "Foi há duas semanas a conversa com o Bolsonaro e o Bivar não falou nada. Também não falaram nada sobre o oferecimento do Banco da Amazônia ao PSL", critica.
Ele foi procurado pelo senador de um outro partido, que recebeu convite para entrar no PSL, querendo saber se era verdade que Olimpio queria mesmo deixar a liderança do partido no Senado. "Já era objetivo deles me tirar da condição de líder", conta.
Para o senador, a saída da deputada Joice Hasselmann da liderança do partido, para a entrada do paranaense Felipe Francischini, acontecida no início de junho, também já era parte da negociação.
"Infelizmente os partidos e os parlamentares querem saber é de cargos e de emendas", avalia Major Olimpio. " Quero ver como fica esse povo que foi tão chutado, machucado e chamado de bandido pelo Bolsonaro. Eles que se abracem novamente e saiam gritando 'mito'".
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