Ao falar de Biden, Greenwald mostra visão errada sobre esquerda brasileira
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Em entrevista a Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, o jornalista americano Glenn Greenwald engrossou a lista de participantes da mais recente polêmica das redes sociais. Desde que se desenhou a vitória de Joe Biden na eleição a presidente dos Estados Unidos, surgiram advertências aos brasileiros que iniciavam uma comemoração: nada de alegria, democratas e republicanos são farinha do mesmo saco.
Greenwald envereda por esse caminho quando afirma na entrevista que a esquerda brasileira tem percepção errada sobre Biden. "Ele não é Lula, não é Evo Morales, não é contra a guerra, não é socialista", diz.
O jornalista e outros que estão envolvidos nesse debate prestarão um grande favor se apontarem quais brasileiros, seja de esquerda, direita ou centro, fizeram parecer que esperam de Biden atitudes revolucionárias.
A torcida de muitos no Brasil, assim como a votação da maioria dos americanos, foi mais contra Trump que pró-Biden.
Os motivos foram exaustivamente expostos: o negacionismo em relação à pandemia, que resultou em milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas, a briga contra as evidências do colapso ambiental, o apoio a grupos de fanáticos racistas, machistas e homofóbicos. Tudo isso faz parte do repertório que Trump colocou em prática nos quatro anos de sua administração.
As consequências para os brasileiros, com o alinhamento do governo Bolsonaro aos americanos, são notáveis. Para quem acredita em outros valores, a derrota de Trump representa um importante revés para o reacionarismo que se espalhou pelo mundo.
Difícil encontrar adulto que tenha ido além da quarta série e desconheça o pendor imperialista e protecionista dos presidentes americanos, não importa o partido a que pertençam. Sempre que Biden fizer isso na contramão da democracia deverá ser criticado. Não se cogita anular o espírito crítico em relação ao democrata.
À frente do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald prestou um grande serviço jornalístico ao país com a série Vaza Jato, em que se revelou a comprometedora parceria entre o ex-juiz Sergio Moro e a Força Tarefa da Lava Jato.
Na análise sobre a visão dos brasileiros em relação a Joe Biden, porém, acabou colaborando involuntariamente para uma onda nas redes sociais, daquelas que nascem do nada e morrem em lugar nenhum.
Sem nutrir ilusões, os que lutam pelos direitos das minorias, os defensores da conservação ambiental e os que preconizam que a ciência deva suplantar o charlatanismo certamente estarão mais identificados com o democrata que vai assumir a Casa Branca em janeiro.
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