Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A hora H e o dia D de Pazuello finalmente chegaram
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Não tinha como dar certo. Além de ser o terceiro a comandar o Ministério da Saúde em meio à pandemia de covid-19, assumindo sem tempo para planejamento, o general da ativa Eduardo Pazuello foi escolhido para a pasta por se mostrar obediente ao negacionismo do presidente Jair Bolsonaro.
Para garantir que o ministério marcharia sem questionar, seguindo o caminho tortuoso apontado por Bolsonaro, o general Pazuello encheu o primeiro escalão de militares. Ficaram em terceiro plano especialistas que estão entre os melhores do mundo para enfrentar crises sanitárias como as que estamos vivendo.
A partir daí vimos a cloroquina ser indicada como "tratamento precoce" — o que depois o ministro tentou negar —, milhões de testes que serviriam para detectar a doença mofarem em um galpão, a falta de iniciativa diante da falta de oxigênio em Manaus e, principalmente, o trágico atraso na compra das vacinas.
Sem cumprir o papel de coordenador das ações contra a pandemia, que o Ministério da Saúde sempre desempenhou, Pazuello viu crescer a insatisfação de prefeitos e governadores com a sua atuação. Seguidamente, os cronogramas apresentados para a chegada de vacinas foram descumpridas, as quantidades reduzidas drasticamente.
Foi assim que o país chegou aos 270 mil mortos pela covid, com a pandemia fora de controle e os hospitais de todas as regiões sem vagas. Nos últimos dias, dezenas de pessoas morreram no Brasil à espera de leitos de UTI.
Com o descrédito do ministro, pela primeira vez desde que foi criado o Plano Nacional de Imunização, na década de 70, estados e municípios partiram para comprar imunizantes, assumindo responsabilidade que é da União. O dia D e a hora H, que Pazuello informou como momento para a entrega das vacinas, ninguém sabe ao certo quando é.
O que se sabe, isso sim, é que chegou o momento de o general da ativa deixar o ministério. O último empurrão foi dado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que avisou a Bolsonaro que ninguém mais quer Pazuello comandando a Saúde.
A gestão do general foi, sem dúvida, um desastre. Seu erro maior foi seguir as ideias malucas do presidente da República.
Além de ter pela frente a maior crise sanitária da história, o sucessor ou sucessora, seja lá quem for, terá pela frente esse desafio adicional: como fazer as coisas certas quando a autoridade a quem deve obediência manda fazer tudo errado?
A resposta a este enigma, que pode custar muitas vidas, é o que passaremos a acompanhar a partir de agora
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