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Desorientado, Bolsonaro faz de tudo para desorientar o Brasil
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Não é de hoje que Jair Bolsonaro faz declarações e tem atitudes disparatadas. Acontecimentos recentes, porém, fizeram sua confusão mental chegar ao ápice. A forte reprovação da atuação do presidente na pandemia, a volta de Lula aos prognósticos eleitorais e o fracasso da tentativa de cooptar as Forças Armadas para um golpe parecem ter deixado Bolsonaro completamente zureta.
A aparição de hoje, em que foi tomar sopa em uma região administrativa do Distrito Federal, é prova disso. Acompanhado do novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, o presidente estava sem máscara. Nos dias anteriores alternou: algumas vezes estava com o acessório, outras não.
Tão abiloladas quanto seu comportamento em relação a esse simples acessório de prevenção ao coronavírus foram as frases que emitiu aos jornalistas. "A guerra, da minha parte, não é política. É uma guerra que, realmente, tem a ver com o futuro de uma nação. Não podemos esquecer a questão do emprego", balbuciou.
A qual guerra se refere? Se essa tal guerra não é política, de que natureza é? Bélica? Econômica? Pode ser, pode não ser. Ninguém sabe o que ele quis dizer. Nem o próprio Bolsonaro.
Seguiu com sua oratória cambaleante: "O vírus, o pessoal sabe que estamos combatendo com vacinações".
Não, presidente. Se o "pessoal" a que se refere são os milhões de brasileiros que aguardam ansiosamente o momento da imunização, estes sabem muito bem que só agora, depois de 300 mil mortos, o governo se mexeu para correr atrás das vacinas que o chefão do Planalto desdenhou.
Como não poderia deixar de ser, Bolsonaro voltou a atacar as iniciativas de restrição de circulação. "Eu não concordo particularmente com a política do 'feche tudo e fique em casa'". Seguiu com o mesmo palavrório repetido à exaustão, mesmo diante do recorde mundial de mortos pela covid-19 que o Brasil bate diariamente.
Invocou pela enésima vez as Forças Armadas, dizendo que vai usá-las para ajudar a acelerar a vacinação - apesar de todos saberem que a lentidão no processo não decorre da carência de mão de obra ou de locais disponíveis, mas da falta de imunizantes,
No fim, a incursão do presidente à Associação Beneficente Cristã Casa de Maria - Beth Myriam não resultou em qualquer anúncio ou proposta útil para proteger seus compatriotas da pandemia.
No compromisso de hoje, a grande preocupação do homem cujas férias custaram aos cofres públicos R$ 2,3 milhões parecia ser com as imagens em que toma sopa no lugar humilde, como se já estivesse em campanha à reeleição. "Visitando o povo para ouvir suas necessidades!", escreveu nas redes sociais, com ponto de exclamação e tudo.
Enquanto o presidente do Brasil vaga desorientado por aí, em agenda pré-eleitoral, o número de mortes cresce, as UTIs estão apinhadas, a possibilidade da falta de oxigênio e insumos desespera profissionais de saúde e a crise funerária fica cada vez mais próxima.
Tanto quanto Bolsonaro, o país segue sem saber para onde vai.
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