Topo

Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

No inferno astral de Bolsonaro, STF mantém Lula no cenário eleitoral

Presidente do STF, ministro Luiz Fux - Fellipe Sampaio/STF
Presidente do STF, ministro Luiz Fux Imagem: Fellipe Sampaio/STF

Colunista do UOL

15/04/2021 20h03

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Além das enormes consequências jurídicas do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que por 8 votos a 3 manteve a anulação das condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato, não são menores os efeitos para o mundo político. Afinal, a decisão devolve o ex-presidente petista à arena política. É tudo o que não desejava o presidente Jair Bolsonaro.

Desde que Edson Fachin decidiu monocraticamente que a 13ª Vara Criminal de Curitiba era incompetente para julgar as ações contra Lula, Bolsonaro viu suas perspectivas de reeleição sofrerem uma mudança radical.

O próprio presidente parece ter pressentido a reviravolta. Basta lembrar como se comportou logo após o primeiro discurso de Lula ao voltar à condição de elegível. Depois que o petista criticou o seu negacionismo diante da pandemia e o chamou de terraplanista, o presidente surgiu em compromissos públicos usando máscara - o que nunca fazia — e apareceu em uma live com o globo terrestre à frente.

As pesquisas de opinião feitas desde então confirmaram a alteração do quadro. Na última, divulgada ontem pelo site Poder360, Lula venceria Bolsonaro em um eventual segundo turno da eleição presidencial por uma grande diferença: 52% a 34%.

Com a pandemia de covid-19 fora de controle, a instalação da CPI no Senado a fustigá-lo, a economia em crise profunda e o Centrão a exigir cada vez mais, Bolsonaro já tinha muito com o que se preocupar. Um adversário eleitoral com a força de Lula só piora a situação.

A hipótese de golpe, o super-trunfo a que costumava recorrer sempre que era contrariado, foi esvaziada desde que as Forças Armadas emitiram sinais de que se manterão fiéis à Constituição.

Ainda tem a seu lado os bolsonaristas fanáticos, as igrejas evangélicas e uma parte do empresariado, que não é majoritária.

Mas a volta do petista ao cenário eleitoral pode agregar cada vez mais as forças oposicionistas.

O ministro indicado ao Supremo pelo presidente, Kássio Marques, bem que tentou mostrar serviço. No julgamento de hoje, sustentou seu voto contra a anulação das condenações entrando no mérito das acusações, algo totalmente inadequado. Não adiantou, o STF decidiu a favor da defesa do ex-presidente.

Não falta mais nada: o inferno astral de Bolsonaro está completo.