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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Diante de comida cara e risco de apagão, Bolsonaro sugere compra de fuzil

20.ago.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido)  - Reprodução/SBT
20.ago.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Imagem: Reprodução/SBT

Colunista do UOL

27/08/2021 15h48

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Um dos marcos do desgoverno que Jair Bolsonaro instalou em Brasília foi o fim do horário de verão. De repente, sem motivo justificado, o presidente da República extinguiu a medida que em 2017 economizou 2.185 megawatts, o equivalente a R$ 145 milhões. Não ouviu especialistas, não ouviu ninguém. Simplesmente fez porque quis.

Mesmo agora, em plena crise hídrica, com risco cada vez maior de apagão, Bolsonaro não dá sinal de que voltará a adotar o horário de verão, apesar dos apelos.

Não tem a mínima ideia do que fazer para resolver a questão. Uma hora sugere aos funcionários públicos que apaguem as luzes das repartições quando saírem do trabalho, outra hora pede aos consumidores que desliguem um dos pontos de luz de suas residências. Como se isso representasse grande economia.

As bobagens que Bolsonaro propõe não fazem nem cócegas no problema. O país está a ponto de ser obrigado a importar energia para evitar o blecaute.

Também em relação à alta dos preços dos alimentos, o ocupante do Palácio do Planalto não tem a mínima ideia do que fazer.

O governo não fez estoques reguladores - recurso que por muitas décadas foi útil - e se mostra inoperante diante dos produtores de alimentos que preferem aproveitar o dólar nas alturas para exportar, deixando o mercado interno a mercê de preços estratosféricos.

"É o mercado", costuma dizer Bolsonaro, como se não tivesse responsabilidade sobre o galope inflacionário.

Também os preços do litro de gasolina e do botijão de gás estão nas alturas. E o presidente, sem ter como se explicar, joga a culpa nos governadores, por conta do ICMS. Mentira, óbvio.

A todas essas questões que afligem o brasileiro comum, Bolsonaro não dedica atenção adequada. Sobre esses temas, não tem proposta, não fala coisa com coisa.

O presidente do Brasil só se ocupa de golpe, embate, provocações, ódio, guerra.

Verbalizou essa sua prioridade ao falar com integrantes de clubes de atiradores que compareceram hoje ao cercadinho do Alvorada.

"Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado", repetiu ele. "Sei que custa caro. Tem idiota, 'ah, tem que comprar feijão'. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar".

É esse o recado do principal político do país ao brasileiro pacífico e ordeiro que só quer garantir o alimento de sua família: se não pode comprar feijão, não encha o saco. Tem que comprar é fuzil.

Imagine se fosse Lula ou Ciro Gomes a sugerir que o povo passasse a se armar, o alvoroço que seria.

Imprensa, Justiça, Congresso e Forças Armadas parecem que se acostumaram a essa situação absurda.

Por fim, analise detidamente a proposição de Bolsonaro e responda: quem é o idiota, afinal?