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Especialistas criticam Twitter por não cumprir regras contra Malafaia
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Depois que o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, teve ontem 11 tuítes suprimidos por disseminar desinformação sobre a vacinação de crianças contra a covid-19, usuários passaram a pedir a retirada definitiva do religioso do Twitter. A cobrança é baseada na política da plataforma para informações enganosas sobre a pandemia, que prevê exclusão permanente quando houver 5 ou mais transgressões.
A retirada dos tuítes começou por uma publicação em que Malafaia chamou a imunização de crianças de 5 a 11 anos de "infanticídio". Logo depois, outros tuítes foram retirados.
A coluna questionou o Twitter se cumpriria a regra que prevê suspensão permanente para quem comete 5 ou mais transgressões, o que é o caso do pastor. A resposta da empresa foi a seguinte: "De acordo com sua política de informações enganosas sobre a Covid-19, o Twitter pode 'obrigar que os clientes excluam os Tweets que violem essa política e sejam gravemente nocivos'. Esta foi a medida tomada na referida conta (@PastorMalafaia)".
Segundo o Twitter, "esse processo está previsto nas medidas corretivas para violações às regras".
"Exigimos que o violador o remova para que possa voltar a Tweetar. Enviamos ao violador uma notificação por e-mail identificando o Tweet e quais políticas foram violadas. O violador precisará, então, passar pelo processo de remoção do Tweet ou recorrer à análise do Twitter se acreditar que cometemos algum equívoco", informou a companhia.
"No caso específico (de Malafaia), constatamos que o conteúdo da mídia compartilhada e replicada em alguns Tweets violou nossa política de informações enganosas sobre a Covid-19, por isso foi solicitada a remoção de mais de um Tweet. Além da solicitação de remoção dos conteúdos, a conta teve suas atividades restritas por 12 horas".
Especialistas em redes sociais criticam a contradição entre duas regras da mesma plataforma, o que permite a aplicação de punições de forma discricionária, mantendo a disseminação de fake news.
"Isso é péssimo, a mensagem que o Twitter manda é que as regras não valem para todos", afirma Guilherme Felitti, sócio da Novelo, empresa especializada em análise de redes sociais. "Quem está ligado ao governo vigente parece ter uma espécie de benefício que permite a publicação massiva de desinformação sobre a pandemia".
Para Felitti, as regras das plataformas contra fake news geralmente são boas, mas a execução é caótica. "Várias contas já foram banidas por bobagens, ao mesmo tempo em que usuários com alcance enorme, de milhões de seguidores, continuam mentindo sobre vacina e sobre pandemia", diz o especialista. "Essas plataformas se tornam cúmplices desse inferno de desinformação em que vivemos".
O antropólogo David Nemer, professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, também critica o procedimento. "As big techs trabalham com políticas que são generalizadoras justamente para permitir que elas escolham o que querem fazer em cada caso", diz o professor, que é autor do livro "Tecnologia do Oprimido". "O Twitter não tem padrão de exclusão de conta e tuíte, cada caso é um caso".
Nemer explica que as regras das plataformas dizem que não aceitam fake news, mas nas entrelinhas permitem tudo isso. "Vão sempre achar uma regra que apoie a decisão tomada por eles", diz.
O professor reclama que são os usuários que têm que reivindicar providências contra a desinformação, algo que as big techs deveriam estar controlando.
"Não é uma fake news disfarçada, está na cara. Está no radar deles. Mas só tomam providências depois de alguma pressão, preocupados em perder anúncios"", lamenta ele.
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