Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Com a ômicron, Bolsonaro volta a apresentar seu show de horrores
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O escritor argentino Jorge Luís Borges criou a magnífica "História Universal da Infâmia", em que descreve personagens odiosos, reais e imaginários, de vários países. Tivesse nascido oito décadas antes, Jair Bolsonaro certamente faria parte da turma. Desde que começou a pandemia, o presidente brasileiro produziu frases que superam, e muito, a crueldade de qualquer vilão.
Com o Brasil aterrorizado pelo coronavirus, causador de mais de 620 mil mortes, Bolsonaro não foi capaz de uma palavra de consolo. Pelo contrário. Aumentou a dor das famílias com sua coleção de declarações abjetas.
"Eu não sou coveiro", "A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo", "Temos que deixar de ser um país de maricas", "Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso", "Esse vírus trouxe uma certa histeria", "Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô", "Muitas [vítimas] tinham alguma comorbidade, então a covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas", e por aí vai.
Nos últimos meses, a incidência de covid-19 diminuiu e os brasileiros pensaram que teriam, enfim, algum alívio. Todos estaríamos também livres das manifestações diárias de negacionismo do presidente, que poderia se dedicar a falar bobagens sobre outros temas.
Com a variante ômicron, porém, o pesadelo voltou. Tanto o temor da pandemia — dessa vez com uma modalidade de vírus que se propaga a uma velocidade muito maior — quanto a revolta com as entrevistas de Bolsonaro estão novamente atormentando o país.
Em entrevista veiculada ontem em uma emissora chapa branca de rádio e TV, o ocupante do Palácio do Planalto abordou o assunto. Já começou a sabotar a possibilidade de novas medidas de distanciamento social, dizendo que "o Brasil não resiste a um novo lockdown" (algo que o país nunca teve).
Caprichou no terrorismo.
"Será o caos. Será uma rebelião, uma explosão de ações onde grupos vão defender o seu direito à sobrevivência. Não teremos Forças Armadas suficientes para a garantia da lei e da ordem", delirou o presidente.
Depois de tanto tempo de sofrimento, nessa nova temporada da pandemia, o Brasil merecia ao menos se ver livre das indignidades presidenciais. Enquanto as famílias tentam se proteger, os governadores e prefeitos tentam planejar o atendimento ao tsunami de infectados e os profissionais de saúde vão mais uma vez para o sacrifício, Bolsonaro se dedica a mentir, atrapalhar o combate ao coronavirus e desestimular a vacinação de crianças.
Nem mesmo na galeria de facínoras descrita pelo argentino Borges existe vilão capaz de infâmia tão grande.
Que Bolsonaro e seus cúmplices um dia prestem contas de seus crimes, é o que se pode esperar caso queiramos ser uma nação minimamente civilizada.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.