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Chico Alves

REPORTAGEM

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Presidente da Petrobras ainda não assumiu de fato posto 2 meses após posse

Caio Mario Paes de Andrade, presidente da Petrobras - Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Caio Mario Paes de Andrade, presidente da Petrobras Imagem: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Colunista do UOL

17/08/2022 04h00

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Quase dois meses depois de assumir a presidência da Petrobras, Caio Mário Paes de Andrade ainda é considerado como uma incógnita para a maioria dos funcionários da empresa. Desde que tomou posse, não enviou sequer uma mensagem aos empregados, trocou apenas poucas palavras com funcionários de áreas importantes da companhia, fez somente reuniões pontuais como comandante da empresa.

Nas importantes decisões que a Petrobras tomou recentemente, como a redução no preço dos combustíveis e distribuição de polpudos dividendos, Andrade teve participação protocolar. Estava nas reuniões de diretoria, mas se absteve de diversas votações. "O presidente ainda não deu o tom de sua gestão", comenta um funcionário graduado da empresa. Outro diz ironicamente que Andrade "ainda não chegou".

Faz parte da cultura da empresa que os novos presidentes gravem vídeos ou enviem mensagens escritas com apresentações institucionais ou organizem cafés da manhã para aproximação com os servidores. Andrade não fez nada disso.

Ele é o quarto presidente da estatal indicado por Jair Bolsonaro. Assumiu depois de Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna e José Mauro Ferreira Coelho, tirados do cargo sob críticas do presidente da República, que reclamou muito dos sucessivos aumentos dos combustíveis e do alto valor dos dividendos distribuídos aos acionistas.

Para integrantes da diretoria, a falta de iniciativa do atual presidente da companhia teria motivação política. Andrade estaria esperando a assembleia marcada para sexta-feira 19, quando será anunciada a nova formação do Conselho de Administração, que passará a ter membros mais próximos a Bolsonaro.

Diante do clima de tensão e indefinição, muitos diretores trabalham com a possibilidade de sair (ou serem saídos) da empresa. Vários deles já fizeram consultas sobre quarentena pós-Petrobras à Comissão de Ética Pública.

O novo Conselho de Administração é que vai determinar a ocupação das diretorias. A expectativa é que os novos diretores sejam bem mais alinhados com o governo que os atuais.

Esses postos são estratégicos. As diretorias são responsáveis tanto por contratar pessoal quanto por liberação de gastos e aprovação de patrocínios, por exemplo. Por isso, são alvo de cobiça de aliados do presidente Bolsonaro.

A indicação de Caio Mário Paes de Andrade foi contestada pela representante dos trabalhadores no Conselho de Administração, Rosangela Buzanelli. Para ela, o indicado não atenderia aos requisitos técnicos para ser presidente da Petrobras, já que não tem experiência profissional e nem formação acadêmica para o cargo. Apesar disso, o Comitê de Elegibilidade da Petrobras aprovou o nome de Andrade.