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Janones e Eduardo Moreira propõem 'Carta do Povo' em defesa da democracia
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Apesar de elogiar os manifestos em defesa da democracia que foram lidos na Universidade de São Paulo (USP) e em outras universidades brasileiras na semana passada, o deputado federal André Janones (Avante-MG) quer ir além. Fenômeno de audiência no Facebook, ele avalia como fundamental que a parcela mais pobre da sociedade também diga o que espera do regime democrático.
Para isso, sugere um documento em que o cidadão comum opine sobre o que é necessário para que todos no país vivam com um mínimo de dignidade. A proposta foi acolhida com entusiasmo pelo engenheiro e ex-banqueiro Eduardo Moreira, diretor do Instituto Conhecimento Liberta, e hoje começou a funcionar a engrenagem que vai resultar na "Carta do Povo" pela democracia.
Desde o início da manhã, em live de Janones e Moreira, os internautas foram convidados a responder a um formulário que propõe que completem a frase "Democracia é..." As repostas serão compiladas e formarão o texto da carta. Uma vez concluída, será distribuída para que brasileiros de todas as regiões do país a subscrevam.
Apenas duas horas após o lançamento, 4 mil participações tinham sido registradas.
Nessa entrevista à coluna, Janones - que recentemente abriu mão de sua candidatura a presidente para apoiar o petista Luiz Inácio Lula da Silva - explica em detalhes o objetivo e o processo. Ele garante que o documento não é partidário e nem uma peça da campanha de Lula. Convida, inclusive, outros presidenciáveis a assiná-lo:
UOL - O que é a "Carta do Povo"?
André Janones - É uma tentativa de a gente colaborar com a democracia plena em nosso país, uma democracia em que todos possam ter voz. Não é antagônica à carta que foi lida no dia 11 de agosto na USP, que eu fui um dos primeiros presidenciáveis a assinar e que é muito louvável. Mas a gente tem que ampliar essa discussão e isso só vai acontecer quando a gente incluir todos na luta pela defesa da democracia no país, a empregada doméstica, o motorista do Uber.
A gente não pode mais deixar que essas pessoas entendam que essa é uma luta do andar de cima. Precisamos incluir todos. O Brasil é um país muito plural e com desigualdades sociais muito acentuadas. A gente só vai atingir esse sonho de uma democracia forte, plena, quando a gente tiver o envolvimento de vários setores da nossa sociedade.
Qual a definição de povo? São todos que compõem a nossa nação, que contribuem com o país, que trabalham, que geram riqueza. Então, vamos tentar incluir essas pessoas nesse movimento em defesa da democracia através de uma carta que eles vão escrever. O Lula a carta ao povo no passado, Bolsonaro fez a carta aos brasileiros, agora é a vez do povo fazer uma carta para nós políticos, imprensa, para os formadores de opinião.
Na prática como vai ser feito isso?
Em primeiro lugar, não vamos levar um texto pronto para as pessoas assinarem. Queremos que realmente o povo escreva, porque senão a gente não vai ter uma "Carta do Povo". Essas pessoas continuariam a ser coadjuvantes. A gente está criando um canal para isso, através de um número de WhatsApp e de um site, cartadopovo.com.br . O WhatsApp é justamente porque tem pessoas com dificuldade de acessar um site, de preencher formulários, tem as pessoas analfabetas que não sabem ler e escrever, aquelas que pelo aplicativo de mensagens podem gravar o áudio e enviar. Podem enviar vídeos.
A ideia é que digam qual o conceito delas de democracia, qual a democracia que elas esperam ver no nosso país. A pergunta é: o que é democracia para você? A gente vai colher esses depoimentos e com essas frases enviadas, com esses textos, nós vamos formar a "Carta do Povo". Vamos compilar os textos que chegarem e isso vai formar a carta.
Quando estiver pronta, vamos começar a coleta de assinaturas. Esperamos conseguir um número expressivo, com adesão das camadas mais populares. Por fim, faremos a leitura do texto publicamente por pessoas do povo. Não vou ser eu, nenhum político, nenhum candidato. Elas mesmas vão ler essa carta e nós vamos ouvir e tomar ações para concretizar o desejo delas sobre o que é a democracia.
Pela sua proximidade atual com Lula muitos poderão achar que é um documento de apoio ao petista.
Não há nenhuma possibilidade de que seja dado esse viés. Mas a gente também não vai impedir Lula de assinar a carta, porque aí a gente estaria sendo antidemocrático. Como a gente não vai impedir que o Ciro Gomes assine, que Simone Tebet assine, que qualquer outro candidato de qualquer espectro ideológico assine.
Não é direcionada para a campanha do presidente Lula, nem a nenhum partido político, mas a gente não vai cometer o erro cometido antes de excluir. Movimento apartidário não é que não aceite assinaturas de quem é partidário, é que não aceita assinaturas exclusivas de um segmento.
Nosso objetivo é inclusão e diversidade. Queremos o intelectual, o analfabeto, a dona de casa, o cara de esquerda, o cara de direita, o cara de centro, o liberal, o conservador? Todos que têm as suas divergências, mas que têm algo que os une como prioridade: a defesa da democracia.
Há quem possa interpretar também que é uma carta contra Bolsonaro.
Não. Bolsonaro não tem toda essa relevância que ele tenta ter. Esse presidente é só um erro da nossa história, alguém que desperta o que há de pior em todos nós, seres humanos. Ele dá vazão a isso. Não vamos cometer os mesmos erros do passado, não vamos repetir o "Ele Não", porque isso é dar muita relevância, muito protagonismo a alguém que vai para o esgoto da história do nosso país.
Daqui a alguns anos ninguém lembrará mais dele, a não ser pelos efeitos maléficos que deixou. Não é um movimento contra Bolsonaro, porque ele não tem importância para unir um país nem contra ele e nem a favor dele. É um movimento a favor da democracia.
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