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Chico Alves

REPORTAGEM

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Milícias digitais atacam Pacheco e agitam corrida à presidência do Senado

Rodrigo Pacheco e Rogério Marinho - Roque de Sá/Agência Senado e Clauber Cleber Caetano/PR
Rodrigo Pacheco e Rogério Marinho Imagem: Roque de Sá/Agência Senado e Clauber Cleber Caetano/PR

Colunista do UOL

27/01/2023 08h37

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Em tempos de polarização política, a caça aos votos para a eleição à presidência do Senado, marcada para o início da nova legislatura, em 1º de fevereiro, ganhou um inédito tom de agressividade. Bolsonaristas adeptos da candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) fazem duros ataques ao candidato à reeleição Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nas redes sociais e tentam constranger os senadores que anunciaram votos no atual presidente da Casa.

Segundo levantamento feito por Guilherme Felitti, fundador da Novelo Data, empresa de análise de dados, a partir do dia 16 de janeiro o volume de menções a Pacheco nas redes mais que dobrou e sobre Rogério Marinho cresceu mais de nove vezes.

O conteúdo das postagens segue a linha da guerrilha nas redes que se tornou a marca do bolsonarismo: mensagens agressivas contra o atual presidente do Senado, protagonizadas por estrelas da extrema direita. Os argumentos são que Pacheco é parceiro de Lula, que está em conluio com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e que sua vitória na votação seria péssima para o país.

Um dos aspectos inusitados dessa campanha é a grande participação de deputados aliados a Jair Bolsonaro tentando influir na eleição do Senado. Esses políticos tanto insultam o atual presidente da Casa, quanto fazem tutoriais para que seus seguidores pressionem os senadores a votar em Rogério Marinho.

Figuras como o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), o Padre Kelmon e a atriz bolsonarista Luiza Thomé participam da campanha.

Um dos mais agressivos é Gustavo Gayer, deputado eleito pelo PL de Goiás, que é investigado no STF por ataque ao processo eleitoral e abuso do poder político. Em um vídeo postado em suas redes, Gayer diz, entre outras coisas, que Pacheco é associado a uma "quadrilha" e indica um site com uma espécie de manual para pressionar aqueles que vão participar da eleição, com modelo de abaixo-assinado e contatos de e-mail e telefone dos senadores considerados indecisos.

Um desses listados como indefinido é Alessandro Vieira (PSDB-SE), para quem o principal opositor de Pacheco tem duas frentes de convencimento dos colegas. "A campanha do Marinho, propriamente dita, corre nos moldes tradicionais, com diálogo direto com os senadores e discussões sobre espaços na casa e procedimentos da mesa diretora", disse ele à coluna. "E também há uma campanha de redes agressiva, no padrão já tradicional de movimentos como o bolsonarista, mas não exclusivo deste grupo".

Para Vieira, a radicalização das redes simplifica e infantiliza o debate.

Um dos senadores atacados por apoiar Pacheco é Jorge Kajuru (PSB-GO). Ele acredita que não há a mínima chance de Marinho ganhar a eleição para presidência da Casa. "Se tiver 15 votos, tem que ir a Aparecida agradecer", diz.

Kajuru não se intimida com a virulência da campanha bolsonarista. "Isso é pra babacas que têm medo de rede social, mas a rede social não pode pautar seu voto. Tem que ter convicção", afirma.

Para conquistar a presidência do Senado, o candidato precisa de 41 votos de um total de 81 senadores.

O bolsonarista Eduardo Girão (Podemos-CE) lançou candidatura alternativa ao cargo, mas é visto como alguém com pouca chance de vitória.