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Chico Alves

REPORTAGEM

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Após visitar Maré, Flávio Dino rebate tentativa de criminalizar favelas

Flavio Dino com ativistas de direitos humanos no Complexo da Maré - Divulgação
Flavio Dino com ativistas de direitos humanos no Complexo da Maré Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

16/03/2023 08h32

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O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, respondeu às acusações de que fez acordo com traficantes de drogas para visitar ontem o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Os ataques sem provas foram feitos pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Otoni de Paula (MDB-RJ).

"Soube que representantes da extrema direita reiteraram seu ódio a lugares onde moram os mais pobres. Essa gente sem decoro não vai me impedir de ouvir a voz de quem mais precisa do Estado", comentou o ministro, em publicação feita hoje no Twitter. "Não tenho medo de gritos de milicianos nem de milicianinhos".

Ao comentar ontem a reunião de Flávio Dino com jovens da comunidade carioca, Eduardo Bolsonaro fez acusações infundadas.

"Flávio Dino foi visitar o Complexo da Maré, a comunidade dominada pelo tráfico de drogas mais bem armada do Rio de Janeiro, com dois carros. Ele chegou ali com dois carrinhos. Ou seja, está tudo armado ali com o tráfico de drogas", disse Eduardo.

O deputado Otoni de Paula também usou a tribuna para fazer ataque semelhante.

Perguntado pela coluna se poderia tomar medidas judiciais contra os dois, o ministro da Justiça disse que "infelizmente, há covardes que se escondem atrás da imunidade parlamentar para difamar e mentir".

"É muito importante que o Supremo Tribunal Federal (STF) consolide uma jurisprudência contra os abusos da imunidade parlamentar. A lei deve ser para todos e quem abusa deve ser punido", comentou.

No encontro que teve com lideranças e ativistas de direitos humanos de dez comunidades cariocas, Flávio Dino recebeu um documento com 41 recomendações baseadas em pesquisas feitas com apoio da Fundação Ford e da Open Society. Como uma das principais reivindicações, os ativistas pediram para ser ouvidos na implantação do novo Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), especialmente nas ações destinadas aos territórios mais vulneráveis,

As prioridades são: Participação Social e Controle das Polícias, Estruturação e Regulamentação da Política de Segurança Pública, Sistema Penitenciário, Política de Drogas, Política de Reparação e Memória, e Controle de Armas.

Outras sugestões foram a recriação do Conselho Nacional de Segurança Pública, maior controle de munições, criação de uma plataforma nacional com dados sobre crime e violência e instalação de câmeras e GPS nos uniformes e nas viaturas da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.