Cerca de 12% dos mortos por covid-19 nas capitais eram de outras cidades
Do total de óbitos por covid-19 entre 16 de março e 16 de julho deste ano nas capitais estaduais brasileiras, 11,87% foram de pessoas que residiam em outras cidades, segundo levantamento feito com base nos registros dos cartórios pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
Porto Alegre (RS) foi a capital que proporcionalmente mais recebeu de outras cidades pacientes com covid-19 que vieram a falecer (40% do total de óbitos), seguida por Cuiabá (MT), com 36%, Recife (PE), com 25%, e Palmas (TO), com 24%.
Brasília (DF), com 14%, São Paulo (SP), com 12%, Curitiba (PR), com 11%, Belo Horizonte (MG), com 11%, e Rio de Janeiro (RJ), com 10%, ficaram próximas da média nacional.
Entre as capitais que menos registraram óbitos de pacientes com covid-19 residentes em outros municípios estão Salvador (BA), com 6%, Manaus (AM), com 7%, e Macapá (AP), com 5%.
Outras causas
Quando se inclui na conta outras doenças respiratórias (insuficiência respiratória, pneumonia, Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) e septicemia), a proporção de óbitos de não residentes nas capitais permanece em um patamar próximo ao das mortes por covid-19, de 12,3%.
Na comparação com outras causas de morte natural, a diferença é maior. A proporção de não residentes que morreram de causas cardiovasculares nas capitais foi de 8,8% no mesmo período de quatro meses (diante dos 12,3% por doenças respiratórias).
A busca por grandes centros urbanos para tratamento médico é um fenômeno comum, porque eles geralmente possuem melhor estrutura hospitalar e maior concentração de leitos de UTI.
Acreditava-se que a pandemia poderia acentuar essa tendência, porque os leitos para covid-19, que exigem estrutura de isolamento, estão concentrados nas grandes cidades da maioria dos estados.
Quando se compara os dados de óbitos de não residentes nas capitais de 16 de março a 16 de julho de 2020 com o mesmo período de 2019, contudo, observa-se que a proporção caiu para todas as causas de morte natural.
Por exemplo, os óbitos por doenças respiratórias de pessoas vindas de outras cidades representaram, em 2019, 14,9% das mortes registradas nas capitais e, em 2020, 12,3% — uma redução de 2,6 pontos percentuais. A diminuição, no caso de causas cardiovasculares, foi ainda maior, de 3,3 pontos percentuais.
Uma possível explicação para isso é que, com as medidas de isolamento social e restrições de circulação, os brasileiros estão viajando menos e portanto permanecendo mais nas cidades onde residem. Segundo uma pesquisa da Vivo Ads, a pandemia impactou 28% das viagens programadas para 2020, das quais 83% tinham destinos nacionais.
Além disso, como já demonstrou outro levantamento da Arpen-Brasil, houve um aumento na proporção de pessoas que morreram em casa este ano, em comparação 2019, por causa da pandemia (entre outros motivos, por medo de buscar assistência em um hospital).
Os dados de óbitos por local de residência estão disponíveis a partir desta terça-feira (28) em uma nova ferramenta de pesquisa do Portal da Transparência do Registro Civil, plataforma online administrada pela Arpen-Brasil.
Segundo os dados disponíveis no site, foram registrados nos cartórios brasileiros um total de 74.738 óbitos por covid-19, aproximadamente metade deles nas capitais, entre 16 de março e 16 de julho deste ano.
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