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Encontro entre Bolsonaro e Biden foi frio, impessoal e protocolar
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Ocorreu ontem, em meio à programação da Cúpula das Américas, em Los Angeles, Estados Unidos, o primeiro encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Joe Biden. Uma reunião fria, impessoal e absolutamente protocolar.
Por não ter fugido do script diplomático já cuidadosamente ensaiado, engana-se quem pensa que o conjunto de sensibilidades existente entre os dois líderes simplesmente foi superado. Ao contrário, a linguagem corporal revelava, no "não dito", a atmosfera incômoda em que a reunião acontecia. Não teve aperto de mãos público e houve limitada troca de olhares. No discurso, o esperado: referências à histórica relação bilateral e ao seu caráter cooperativo.
Muitas frases genéricas, afirmações de lugares comuns, mas sem nenhum anúncio substantivo ou indicação de novos projetos bilaterais relevantes. O encontro Bolsonaro-Biden não foi exatamente sobre política internacional ou sobre os interesses nacionais de Brasil e Estados Unidos. Foi, em vez disso, sobre agendas de conveniência para os dois presidentes.
No caso brasileiro, o foco, como todos sabem, estava em angariar material para explorar em sua campanha eleitoral. Bolsonaro tenta colecionar retratos com figuras emblemáticas da cena global visando contestar a narrativa dominante de que é um pária internacional, a frente de um país cada vez mais isolado e desprestigiado mundo afora.
No caso dos norte-americanos, e enquanto anfitriões da Cúpula, a reunião servia ao propósito de "conter danos" diante de um evento esvaziado e repleto de críticas e contestações. Depois de excluir Cuba, Venezuela e Nicarágua, e ter de amargar o boicote de uma série de outros países da região, que optaram por simplesmente não comparecer ao encontro, Biden precisou da presença brasileira para contrabalançar o fiasco hemisférico e resguardar sua própria credibilidade.
Com limites bem estabelecidos, sorrisos amarelos e tentando desviar do campo minado, o resultado foi um encontro pro forma, repleto de indiretas e vistas grossas, mas que atendeu aquilo a que se propunha. Apesar de suas intransponíveis diferenças pessoais, Bolsonaro e Biden se encontraram no que há de mais visceral da vida pública: a necessidade de salvar as próprias aparências.
Ao descrever sua experiência com o termo "maravilhado", o presidente brasileiro ajudou a passar esse recibo. Além do conhecido deslumbre com tudo o que vem do Norte e do habitual exagero em descrever seus próprios feitos, ele também deixou claro que o principal resultado do diálogo bilateral, nesta ocasião, foi uma retumbante e escancarada sensação de alívio.
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