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OMS: Am. Latina precisa de liderança política e não atingiu pico do surto

Presidente Jair Bolsonaro e ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em Brasília -
Presidente Jair Bolsonaro e ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em Brasília

Colunista do UOL

08/06/2020 14h14

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) qualificou nesta segunda-feira a América Latina como a crise "mais complexa" da pandemia e deixou claro que o pico do surto ainda não foi atingido. Para superar a atual crise, a região vai precisa de liderança política e da ajuda da comunidade internacional.

Dados dos últimos dias colocaram o Brasil e o restante da região como o foco da atenção global.

"É uma enorme preocupação, é um momento de liderança política forte na América Latina e solidariedade internacional. E precisamos de liderança de dentro da América latina para controlar a doença", afirmou Michael Ryan, diretor de operações da OMS.

Segundo ele, a situação não envolve apenas um país. "São vários experimentando uma epidemia muito severa", disse.

Ryan indicou que serviços de saúde estão sob forte pressão e que falta leito de UTI em vários locais. Para completar, "muito muito medo e confusão" reinam entre as comunidades, por motivos diferentes

"Hoje, a epidemia na América Latina é a mais complexa de todas as situações que enfrentamos no mundo", afirmou. Para ele, chegou o momento de o mundo ir ao socorro da região. "O mundo precisa trabalhar para isso e apoiar a região", insistiu.

Mas também destacou como o histórico da região em enfrentar outras doenças prova que o continente tem como responder. Ele, porém, fez um apelo para que as lideranças na América Latina trabalhem juntas para superar a crise.

Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, apontou como o último informe da OMS revelou, no domingo, que o dia foi o que mais registrou casos desde o começo da pandemia. Foram 136 mil casos em apenas 24 horas. O Brasil liderou, com 30 mil casos.

75% deles vem de apenas dez países, a maioria nas Américas. Nos últimos dez dias, nove deles registraram mais de 100 mil casos cada. Hoje, são quase 7 milhões de casos e quase 400 mil mortos.

"Mais de seis meses depois do início da crise, esse não é o momento para tirar o pé do acelerador. É o tempo para continuar a trabalhar duro, com base na ciência", afirmou Tedros.

Para Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS, países precisam entender que a crise não acabou. "Estamos longe do fim", disse. Para a agência, a complacência é o maior risco hoje.

Hidroxicloroquina

Ryan ainda classificou como "decepcionante" estudos recentes que apontam para a falta de eficácia da hidroxicloroquina. Para ele, se isso se confirmar, é a perda de uma oportunidade importante.

O especialista confirmou que a OMS irá examinar os resultados de outros estudos e considerará se terá de interromper seus testes com o remédio. Há semanas, a agência incluiu a hidroxicloroquina em seus testes pelo mundo. Mas por enquanto não recomenda o remédio.

Há dez dias, a OMS chegou a suspender temporariamente o uso da hidroxicloroquina, para avaliar seu risco para a saúde. Mas concluiu que não era significativo para impedir a continuação das pesquisas.

Agora, uma nova interrupção pode ocorrer. "Mas precisamos continuar evidências. Uma pesquisa só não é suficiente", completou.

Protestos

A OMS ainda fez um apelo para que manifestantes que saiam às ruas usem máscaras, lavem as mãos e, quando possível, mantenham uma distância de um metro entre as pessoas. Aqueles que não estejam bem de saúde deveriam se manter em casa e não se unir aos protestos.

Para a agência, a maioria da população mundial continua susceptível à doença. A OMS insiste que a complacência pode ser uma ameaça e apela a governos para que continuem a monitorar a situação.