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Jamil Chade

Ódio nas redes sociais leva polícia a lançar mega operação na Europa

Colunista do UOL

03/11/2020 12h03

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O discurso de ódio nas redes sociais se transformou em um assunto de polícia na Europa. Nesta terça-feira, operações policiais foram conduzidas em sete países do bloco, liderados pela Alemanha. No total quase cem pessoas estão sendo interrogadas nesta terça-feira sobre postagens que incitam o ódio ou promovem a violência e racismo.

A operação é parte de uma nova ofensiva da Justiça europeia contra o uso da Internet para disseminar discurso extremistas, xenófobos ou que representam uma ameaça a certos grupos. Só na Alemanha, as operações ocorreram em 83 endereços diferentes, resultando no confisco de telefones e computadores.

A operação também ocorre de forma simultânea na França, Itália, Grécia, Noruega, Reino Unido e na República Tcheca. Trata-se da primeira ofensiva dessa natureza liderada pela Europol e em coordenação com Berlim.

No caso da atual operação, o principal foco é a difusão de mensagens que promovem o racismo e xenofobia. Um dos alvos é um usuário da rede suspeito de fazer comentários anti-semíticos. Mas parte da operação se desenvolve contra um internauta que insultou uma mulher em um cargo político na Alemanha.

Desde 2018, as leis na Alemanha exigem que as plataformas da Internet retirem em 24 horas conteúdo que possa representar um crime de racismo, incitação a cometer crime e ameaça de violência. Mas a prática não permitiu que o problema fosse resolvido.

A meta agora do Ministério Público alemão é o de chegar até os autores das mensagens.

Ainda em 2018, um primeiro informe da ONU sobre o ódio nas redes sociais revelou um cenário dramático. Segundo o levantamento, as redes sociais estavam sendo usadas por partidos populistas para disseminar o ódio, incitar a violência e fortalecer grupos extremistas, inclusive com caráter fascista.

Segundo o documento, existia naquele momento mais de 14 mil páginas na internet dedicadas a tendências racistas, além de um incremento de 600% no volume de ataques nacionalistas pelo Twitter desde 2012. De acordo com a relatoria da ONU, grupos neonazistas e extremistas têm usado as redes para difundir ódio contra lésbicas, gays, pessoas com deficiências e mesmo contra mulheres.

"O crescente clima de intolerância é tangível, com impactos horríveis para vidas humanas, como pode ser visto nos ataques antissemitas nos EUA nesta semana", apontou o documento.

O caráter desregulado, descentralizado, barato e anônimo da internet permitiu que grupos extremistas formem redes, amplificando as mensagens de ódio. Citando ainda líderes políticos da Itália, Hungria e Donald Trump, o documento alertou para o confisco por parte desses grupos do termo "povo" e "nação".