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OMS: pandemia sofre "aumento exponencial" e não será freada só com vacinas
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Resumo da notícia
- Agência mundial ainda se lança em operação para aumentar produção global de vacinas, com impacto para o final do ano e 2022
- Meta é a de conseguir que multinacionais transfiram tecnologia aos países mais pobres
Os números de novos casos de covid-19 sofrem um "aumento exponencial", a pandemia vive um momento "crítico" e está "longe de terminar". O alerta é da OMS (Organização Mundial da Saúde), que aponta ainda que governos e populações não podem apostar apenas nas vacinas. Para a entidade, a crise precisa ser freada com medidas de saúde pública, como distanciamento social e isolamento. Se isso for adotado, a pandemia pode ser controlada em "questão de meses".
A OMS também anunciou um plano para aumentar a produção de vacinas no mundo, mas com um impacto que será sentido apenas no final do ano ou em 2022.
De acordo com a entidade, o mundo registrou a sétima semana consecutiva de aumento nos números de pessoas contaminadas, com 4,4 milhões de casos em apenas sete dias. A taxa é 9% superior aos dados da semana anterior, além de um aumento de 5% no número de mortos. Há um ano, eram 500 mil novos casos por semana.
"Entre janeiro e fevereiro, vimos seis semanas de queda na pandemia. Agora, são já sete semanas de aumento de casos e quatro semanas de aumento de mortes", alertou Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, que lembrou que a semana passada foi a quarta maior em termos de números totais.
Além do Brasil, os casos voltaram a subir na Índia, Ásia e Oriente Médio. "Isso tudo mesmo com 780 milhões de vacinas sendo distribuídas", afirmou.
Para ele, vacinas são vitais e poderosas". "Mas não são e não devem ser os únicos instrumentos", alertou. Tedros voltou a implorar para que governos adotem medidas de distanciamento social, máscara, promovam lavar as mãos, além de testes e isolamento. "São medidas que funcionam", insistiu.
De acordo com Tedros, "confusão, complacência e inconsistência" por parte de governos estão levando a aumento de casos e "custando vida". "Precisamos de consistência", disse.
"Países já mostraram que podem parar o vírus com medidas de saúde pública", disse. "Eles controlaram o vírus e podem ir a eventos, esportes e ver a família", afirmou.
Tedros garantiu que a OMS não quer um cenário de "lockdowns sem fim". "Queremos ver a reabertura da sociedade. Mas, neste momento, UTIs estão lotadas e pessoas estão morrendo", disse.
Alertando que tudo isso poderia ser evitável, Tedros ainda criticou o fato de que, em países com forte transmissão, pode-se ver mercados abertos, restaurantes e nightclubs funcionando.
"Alguns pensam que, por serem jovens, não importa se estão doentes", disse. "Isso não é uma gripe. Jovens com saúde morreram e não sabemos as consequências de longo prazo", alertou o diretor. "A pandemia está longe de terminar", insistiu.
Medidas controlariam vírus em "questão de meses"
Apesar do alerta, o diretor indicou que governos que agiram de forma correta conseguiram colocar um fim ao momento mais grave da crise. "Nos dois primeiros meses do ano, vimos uma queda e isso mostrou que o vírus pode ser parado. E ele pode ser freado em questão de meses. Mas depende de governos e pessoas. A escolha é nossa", completou Tedros.
"Estamos num momento crítico. São 4,4 milhões de casos em uma semana e os números crescem de forma exponencial", disse Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS. "Não é a situação em que gostaríamos de estar. Todos vão precisar reavaliar suas atitudes e o que estamos fazendo. As vacinas ainda não chegaram", alertou.
Segundo ela, governos precisam reavaliar suas políticas de testes, se contam com locais adequados de trabalho, se existem medidas de controle de importação de casos e outras ações. "Temos de ser sérios", insistiu.
Aumentar produção de vacinas a partir do final do ano
Além de pedir medidas imediatas, a OMS ainda se lança em uma operação para tentar aumentar a produção mundial de vacinas. Tedros Ghebreyesus estabeleceu um grupo de trabalho que irá criar um plano de expansão. "A pandemia mostrou que não há capacidade de produção suficiente", disse.
Num primeiro momento, o plano prevê aumentar o fornecimento de insumos e agulhas, além de acabar com restrições de exportação.
O plano também prevê um acordo para que empresas farmacêuticas ampliem a transferência de tecnologia para permitir que vacinas sejam fabricadas também em países em desenvolvimento. Isso, porém, só terá um impacto a partir de seis meses de implementação e poderia levar doze meses para de fato fazer diferença.
"Vai levar tempo para aumentar a produção mundial, já que isso exige treinar e transferir tecnologia", disse Soumya Swaminathan, cientista chefe da OMS. Segundo ela, isso ainda vai necessitar um aumento de investimentos, especialmente na África.
Hoje, governos de países em desenvolvimento denunciam um "apartheid de vacinas", com 87% de todas as doses permanecendo apenas nos países ricos e grandes economias emergentes.
A África, por exemplo, recebeu apenas 17 milhões de doses até agora, contra mais de 160 milhões nos EUA.
"Há um enorme desafio de abastecimento", admitiu Bruce Aylward, conselheiro da OMS para vacinas.
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