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1 ano da explosão: arroz prometido por Bolsonaro ainda não chegou ao Líbano
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Resumo da notícia
- Itamaraty garante que primeira remessa ocorre em meados de outubro
- ONU aponta que metade do país vive abaixo da linha da pobreza
- Há um ano, explosão no porto de Beirute deixou mais de 200 mortos e 6 mil feridos
A promessa do presidente Jair Bolsonaro de que iria enviar 4 mil toneladas de arroz para a população libanesa, nos dias que se seguiram à explosão em Beirute, ainda não foi concretizada. O Itamaraty garante, porém, que o primeiro carregamento começará a ser realizado a partir de meados de outubro.
Nesta quarta-feira, a comunidade internacional marca um ano da tragédia que deixou mais de 200 mortos, 6 mil feridos e uma parcela da cidade destruída, depois de um incêndio no porto da capital.
Poucos dias depois do desastre de 4 de agosto de 2020, o ex-presidente Michel Temer, descendente de libaneses e escolhido por Bolsonaro para coordenar a ajuda brasileira, viajou com uma missão para Beirute para iniciar um processo de cooperação.
Naquele momento, foram enviadas 6 toneladas de insumos básicos de saúde, como antibióticos, corticoides, analgésicos, ataduras, seringas e cateteres. Além disso, um voo levou cerca de 100 mil máscaras cirúrgicas, 300 ventiladores pulmonares e alimentos.
Mas a principal doação viria na forma de uma ajuda alimentar, com o envio prometido de 4 mil toneladas de arroz, o que até agora não foi realizado.
Procurado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento explicou que "o processo da doação das 4 mil toneladas de arroz para o Líbano encontra-se em andamento".
"Os leilões para a entrega do produto beneficiado no porto de origem - Rio Grande (RS) - já foram efetuados pela Conab", disse. "O estágio atual é de ajuste quanto às datas de embarque, a partir do porto acima mencionado", afirmou.
"O Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), está conduzindo o assunto, pois é a responsável pela condução do processo do transporte marítimo do porto de origem até o país de destino", disse.
Já o Itamaraty garantiu que o primeiro carregamento está sendo organizado para que possa levar mil toneladas em outubro.
"Assim que formalmente aceita a doação humanitária brasileira ao Líbano, foram tomadas as providências para seu envio", explicou o Ministério das Relações Exteriores.
"Primeiramente, foi assegurada a reserva de 4 mil toneladas de arroz em casca nos estoques públicos brasileiros junto à CONAB e ao Ministério da Agricultura", indicou. "Em seguida, foram realizados contatos com as Nações Unidas, com vistas a obter apoio operacional e logístico para o envio marítimo da carga, com recursos financeiros do Governo brasileiro", explicou o Itamaraty.
"Por sua vez, a CONAB realizou leilão público para a troca do arroz em casca por arroz beneficiado longo fino Tipo 1, no padrão aceito pelo governo libanês. O primeiro leilão público resultou deserto, mas o segundo, de 13/05/2021, teve êxito, habilitando 3 empresas gaúchas e 1 paranaense a fornecer mil toneladas cada uma", afirmou a diplomacia.
"A operação também foi coordenada com o lado libanês, responsável pela operação local de recebimento portuário, armazenamento e distribuição das cargas enviadas, sem cobranças de impostos ou taxas", disse o governo.
"Além disso, as disponibilidades de navios e de contêineres para transporte de alimento sofreram impacto por conta da pandemia da COVID-19. No momento, as Nações Unidas estão reservando e contratando os navios e os contêineres para realizar quatro embarques desse arroz beneficiado, em sacas de 50 kg, a partir do porto do Rio Grande (RS)", destacou.
Segundo o Itamaraty, o primeiro carregamento, de mil toneladas, partirá para o porto de Beirute em 9 de outubro. "Os demais, também de mil toneladas cada, nas três semanas seguintes", garante as autoridades.
Pobreza e fome
Num país ainda longe de estar recuperado da explosão, Beirute convive com a pobreza e a fome. De acordo com o Programa da ONU para a Alimentação, metade da população hoje está abaixo da linha da pobreza. Já 90% dos refugiados sírios que representam 25% da população do país atravessam uma situação de insegurança alimentar.
A desvalorização da moeda e da inflação tornaram alimentos inacessíveis, num país que importa praticamente tudo.
Num comunicado, o alto comissariado da ONU para Direitos Humanos também alertou para a crise.
"Inicialmente, houve um poderoso espírito de solidariedade nacional à medida que todos os elementos da sociedade se uniram em resposta, e o Governo iniciou os procedimentos judiciais", disse a ONU. "Mas 12 meses depois, as vítimas e seus entes queridos ainda estão lutando por justiça e verdade. As investigações parecem ter estagnado, em meio a uma preocupante falta de transparência e de responsabilidade", alertou a entidade.
"Enquanto o desespero se aprofunda e a raiva aumenta no Líbano, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos Michelle Bachelet está hoje enfatizando a necessidade urgente de que o governo libanês assegure uma investigação transparente, eficaz, completa e imparcial sobre o que aconteceu em agosto passado e que responsabilize os responsáveis", disse.
"A Alta Comissária também está pedindo às autoridades que defendam o direito das vítimas a uma reparação", completou.
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