Quem morre de fome, morre assassinado, e dinheiro não falta no mundo
Enquanto os principais líderes se reuniram nesta semana no Rio de Janeiro para fechar uma aliança para lutar contra a fome no mundo, os mais céticos se perguntavam: existe dinheiro suficiente para lidar com um problema que percorreu a história da humanidade?
A resposta é simples: sim.
Em 2021, o bilionário Elon Musk criticou a ONU e a desafiou a mostrar como sua fortuna calculada em US$ 315 bilhões poderia ser usada para acabar com a fome no mundo.
Imediatamente depois, o Programa Mundial de Alimentação apareceu com um plano detalhado mostrando que o impacto seria profundo, inclusive resgatando da morte iminente 42 milhões de pessoas em 43 países. Para isso, precisaria de "apenas" US$ 6 bilhões do dinheiro de Musk.
Desse total, com US$ 3 bilhões, a agência poderia garantir pelo menos uma refeição por dia por um ano para todos os que estivessem à beira de um colapso por falta de comida. Outros US$ 2 bilhões seriam usados para financiar uma espécie de Bolsa Família. Na época, o chefe da entidade, um ex-governador republicano David Beasley afirmou que 2% da fortuna de Musk erradicaria a fome.
O dinheiro nunca chegou. Mas ficou uma vez mais constatado que não falta dinheiro no mundo para combater a fome. Falta vontade política.
Há poucos meses, num outro estudo realizado na Alemanha, foi calculado que o mundo precisaria de US$ 27 bilhões para retirar 500 milhões de pessoas da pobreza até 2030. Para reduzir a desnutrição para 700 milhões de pessoas, a conta chegaria a US$ 90 bilhões por ano.
Ainda que o valor seria elevado, ele representa menos do que foi gasto em armas para a Ucrânia em apenas um ano.
Dinheiro certamente existe.
- Em 2023, o mundo gastou US$ 2,3 trilhões em armas.
- Em 2024, a estimativa é de que os americanos gastarão US$ 150,4 bilhões com seus animais de estimação.
- Nos EUA, são gastos US$ 3,5 bilhões por ano contra a calvície.
- O planeta produz alimentos que poderiam abastecer 10 bilhões de pessoas todos os dias
Num mundo em abundância, portanto, não há como argumentar que não existe dinheiro ou produção no mundo para lutar contra a fome.
Quem morre de fome, portanto, não é vítima de uma fatalidade. Quem morre de fome, morre assassinado.
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