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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Ômicron: mais da metade da Europa pode ser infectada em 2 meses

Imagem de teste swab, o RT-PCR, considerado padrão ouro para detecção da covid-19 - Xavier Caivinagua/Agencia Press South/Getty Images
Imagem de teste swab, o RT-PCR, considerado padrão ouro para detecção da covid-19 Imagem: Xavier Caivinagua/Agencia Press South/Getty Images

Colunista do UOL

11/01/2022 08h57

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Em um ritmo de contágio sem precedentes, a variante ômicron poderá infectar mais da metade da Europa nas próximas seis ou oito semanas. O alerta foi lançado nesta terça-feira pelo escritório da OMS para a Europa, que teme que países com taxas de vacinação mais baixas entrem em um novo estado de colapso de seus serviços de saúde.

De acordo com a agência, a cada semana, 1% da população de cada um dos países da Europa foi contaminada pela nova variante da covid-19. Hoje, a mutação já foi identificada em 50 dos 53 países da Europa.

"Neste ritmo, mais de 50% da população da região será infectada pela ômicron nas próximas seis a oito semanas", disse Hans Kluge, diretor da OMS para a Europa. Segundo ele, a taxa de de transmissão não tem precedentes no mundo e uma "nova onda do Oeste para o Leste varre a região".

"A região viu mais de sete milhões de casos de Covid-19 na primeira semana de 2022, mais do que duplicando em um período de duas semanas", disse Kluge.

O problema, segundo a OMS, é que a onda que começou com força nos países mais ricos da Europa, hoje ganha terreno no leste europeu, onde a taxa de vacinação é menor. Para Kluge, isso é "extremamente preocupante", já que ficou claro que a variante, mesmo sendo mais suave, mata a uma taxa elevada entre os não vacinados.

Para ele, a vacinação vai ser fundamental na proteção das pessoas mais vulneráveis, além de trabalhadores da saúde e outros funcionários essenciais, incluindo professores.

Na Dinamarca, por exemplo, a taxa de hospitalização de pessoas que não foram vacinadas é de seis vezes aquelas imunizadas.

Mesmo com a vacina, o temor é de que os serviços de saúde voltem a ser inundados de pacientes. Para aqueles locais que ainda não foram tomados pela explosão do vírus, a OMS recomenda ampliar o uso de máscaras e acelerar a vacinação.

Diante de laboratórios inundados de pedidos de testes, a OMS ainda sugere que exames PCR sejam reservados para a população mais vulnerável, enquanto os demais devem se limitar a testes rápidos.

A OMS ainda apelou para que governos coloquem o fechamento das escolas como última opção. Segundo ele, classes terão de fechar diante da falta de profissionais. Só na França, mais de 10 mil aulas foram canceladas na semana.

Pandemia ou vírus endêmico?

Apesar da explosão no número de casos, existem dúvidas se a OMS deveria mudar sua classificação da crise declarar apenas o vírus como endêmico. Na próxima quinta-feira, a agência se reúne em Genebra para debater a emergência sanitária e declarar se ainda considera como uma pandemia ou se ela deve mudar de status.

A OMS ainda alerta que a variante ômicron continua representando um risco "muito alto" e sua expansão rápida pode gerar uma taxa importante de mortes entre os grupos mais vulneráveis na população de um país.

O alerta vem num momento em que governos reduzem períodos de quarentena e diante de uma percepção de que a mutação estaria gerando um impacto mais suave sobre as pessoas contaminadas. Na semana que terminou no dia 2 de janeiro, mais de 9,5 milhões de novos casos foram registrados no mundo com a covid-19, um salto de 71% em comparação aos sete dias anteriores. Mas as mortes foram reduzidas em 10%.

O problema, segundo a OMS, é que a variante está colocando o setor de saúde de novo sob pressão. "O risco geral relacionado à variante ômicron permanece muito alto por uma série de razões", disse a OMS em um comunicado emitido nesta terça-feira. "Primeiro, o risco global da covid-19 permanece muito alto em geral. Segundo, os dados atuais indicam que a ômicron tem uma vantagem significativa de crescimento sobre a Delta, levando a uma rápida disseminação na comunidade", indicou.

De acordo com a OMS, "o rápido aumento dos casos levará a um aumento das hospitalizações, pode representar uma grande demanda para os sistemas de saúde e levar a uma morbidade significativa, particularmente em populações vulneráveis". Esse grupo inclui pessoas acima de 60 anos, aqueles com problemas prévios de saúde e pessoas não vacinadas.