Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Disseminando mentiras, Bolsonaro chama pária europeu de "irmão"
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Numa declaração conjunta na tarde desta quinta-feira, em Budapeste, o presidente Jair Bolsonaro mentiu sobre a situação da Amazônia e sobre a crise ucraniana, enquanto afirmou que o líder de extrema-direita sob ataque na Europa, Viktor Orbán, é "praticamente" seu "irmão".
Em visita à capital da Hungria, Bolsonaro afirmou que os temas que unem os dois países incluem a defesa da "família estruturada", a pátria e Deus, um lema que coincide com o fascismo italiano. Hoje, essas mesmas palavras são usadas por grupos de extrema-direita, muitos deles monitorados pelas forças de ordem de países europeus pela ameaça que representam para a democracia.
Acusado pela oposição e mesmo por entidades na Europa de liderar campanhas de desinformação, Orbán sofreu uma dura derrota dos tribunais europeus nesta semana. O Judiciário decidiu que o bloco tem a autorização a não repassar recursos para governos que estejam minando o estado de direito, como é o caso da Hungria.
A visita de Bolsonaro, portanto, serve a Orbán para mostrar a sua ala mais radical que ele não está sozinho no mundo, principalmente às vésperas de uma eleição em abril e que ele corre sério risco de ver seu governo de doze anos ser questionado.
Pária, o húngaro foi prestigiado pelo brasileiro, que não atendeu a pedidos de seu próprio governo para voltar ao país diante das mais de cem mortes no estado do Rio de Janeiro. Salvar o aliado europeu tem como objetivo ainda manter vivo o movimento de extrema-direita no poder na Europa.
Mas a alocução do presidente brasileiro foi repleta de mentiras e sugestões falsas.
Ao tomar a palavra, Bolsonaro indicou que um dos temas do encontro com Orbán foi a crise envolvendo a Ucrânia. Assim como ocorreu nos últimos dias, o presidente insinuou que a suposta retirada de tropas russas estaria ligada à sua visita ao chefe do Kremlin, Vladimir Putin.
A Otan nega que essa retirada esteja de fato ocorrendo, enquanto diplomatas europeus zombam da ideia de que Bolsonaro teria qualquer papel nessa negociação.
Enquanto dissemina desinformação e alimenta sua base mais radical, o brasileiro acusou europeus de estarem mentindo sobre a situação da Amazônia. Segundo ele, o governo garante a proteção das florestas e indicou que o desmatamento "não existe".
Sua declaração contrasta com números oficiais, que apontam para o desmatamento recorde e o desmonte dos sistemas de controle e monitoramento.
Bolsonaro retorna nesta quinta-feira ao Brasil, sem acordos substanciais assinados, sem romper seu status de pária e zombado pela diplomacia internacional. Mas repleto de imagens para abastecer sua campanha eleitoral.
- Veja a cobertura sobre as viagens do presidente Bolsonaro, análises de colunistas e mais notícias no UOL News:
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.