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Indústria fez lobby para Eduardo Bolsonaro assumir embaixada nos EUA
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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) chancelou e fez campanha para que o deputado Eduardo Bolsonaro assumisse a embaixada do Brasil em Washington, em 2019. Num documento obtido pela coluna, a entidade que representa a indústria brasileira pedia que o Senado considerasse a nomeação do filho do presidente.
A CNI confirmou a autenticidade da carta e admitiu ao UOL que não havia revelado publicamente o apoio, naquela ocasião.
O deputado acabou não sendo indicado, diante da pressão contrária e da incerteza se conquistaria votos suficientes no Senado para que seu nome pudesse ser aprovado. No Itamaraty, a tentativa de nomear o filho do presidente causou indignação, especialmente pela completa ausência de experiência do deputado na diplomacia.
Mas a tentativa de colocar o filho do presidente Jair Bolsonaro na embaixada mais importante para o Brasil não era apenas um gesto isolado. Numa carta em 15 de agosto de 2019, o presidente da CNI, Robson Braga Andrade, se dirigia ao então presidente do Senado, Davi Alcolumbre. No documento, a indústria chama a indicação do deputado ao cargo de "legítima".
Longe das críticas por parte dos principais especialistas em relações internacionais no Brasil, a entidade insistia que o nome do filho do presidente era adequado e fez um lobby em sua defesa. "O deputado Eduardo Bolsonaro reúne as qualificações necessárias para assumir esse relevante posto diplomático, o que certamente será demonstrado na sabatina na comissão de Relações Exteriores do Senado", escreveu a CNI.
"Além de seu conhecimento e de sua experiência no trato dos temas de relações internacionais, como comprova a sua condição na presidência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro detém um perfil político apropriado para estreitar as relações entre o Brasil e os EUA", disse.
Uma das apostas era sua relação com o então presidente Donald Trump. "A proximidade política entre o deputado e o atual governo norte-americano facilitará as transações comerciais, a atração de investimentos provados e a assinatura de acordos bilaterais em a áreas de grande interesse nacional, como infraestrutura, inovação, tecnologia e defesa", insistiu a CNI.
"Estamos certos de que o deputado desempenhará, com competência e eficiência, a missão de representar oficialmente o país perante um de seus mais próximos e importantes aliados ao longo da história", defendeu a indústria.
A carta ainda termina com uma chancela explícita. "Acreditamos que a aprovação do deputado para o posto será "uma medida positiva para o aprimoramento das relações entre os dois países e beneficia o desenvolvimento brasileiro".
Anos depois, quando Trump foi derrotado nas eleições presidenciais nos EUA, a relação entre o governo Bolsonaro e a Casa Branca passou a viver um novo capítulo. O brasileiro foi um dos últimos líderes no mundo a reconhecer a vitória de Joe Biden e chegou a repetir as alegações infundadas de Trump de que a eleição havia sido fraudada.
Biden, por sua vez, jamais telefonou para Bolsonaro desde que assumiu a presidência nos EUA.
Entre os atributos que argumentou para justificar a sua indicação ao cargo, o deputado explicou que havia feito intercâmbio no exterior e "fritado hambúrguer".
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