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Com cordão sanitário, Bolsonaro deixa de ser pária e passa a ser ilegítimo
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Poucos assuntos hoje no mundo colocam lado a lado Joe Biden e Xi Jinping, Volodymir Zelensky e Vladimir Putin, ou Nicolas Maduro e Justin Trudeau. Mas a eleição brasileira parece ter obtido tal feito, com líderes de direita, centro, esquerda, autoritários ou democráticos reconhecendo a legitimidade das urnas.
Depois de semanas de uma coordenação detalhada, democracias ocidentais se apressaram para parabenizar Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória, com telegramas e mensagens nas redes sociais ainda na noite de domingo. A meta era de criar um cordão sanitário que impedisse Jair Bolsonaro de repetir a estratégia de Donald Trump e questionar a lisura da eleição.
Ao parabenizar Lula, o que Biden, Emmanuel Macron, Olaf Scholz e tantos outros fizeram foi sinalizar que confiavam no processo eleitoral e nos resultados das urnas eletrônicas. Mas há um segundo recado: a partir de agora, reconhecem que o poder legítimo no Brasil está com Lula.
Entidades internacionais também se expressaram, como a Organização dos Estados Americanos.
O processo de isolamento de Bolsonaro foi completado nesta segunda-feira quando os maiores aliados do Brasil fora do Ocidente - China e Rússia - deixaram claro que querem estabelecer parcerias amplas com Lula.
Até mesmo a Hungria, aliada da extrema direita brasileira, foi obrigada a reconhecer os resultados. Nas redes sociais, a presidente do país, Katalin Novak, desejou "sucesso" ao presidente eleito, sem citar o nome de Lula.
Em menos de 24 horas, portanto, uma espécie de cordão sanitário foi estabelecido, enquanto assessores de Lula indicam que a busca pelo presidente eleito por parte de governos e entidades internacionais explodiu.
Um exemplo é a Conferência do Clima da ONU, no Egito em duas semanas. O UOL apurou que delegações estrangeiras estão enviando negociadores extras para que tenham como incumbência buscar a equipe de transição do Brasil para iniciar a negociação de novos entendimentos.
A fila para falar com o Brasil de Lula, segundo diplomatas, já preenche uma ampla agenda.
Entre os europeus, havia ainda a esperança de que Bolsonaro permitisse que uma equipe de transição ou até mesmo Lula fosse para a cúpula do G-20, que ocorre em novembro na Indonésia. Mas, dentro do Itamaraty, a possibilidade é vista como "impossível".
No G-20, porém, diplomatas brasileiros já admitem que, se Bolsonaro for, será difícil organizar qualquer tipo de encontro para o presidente derrotado. Principalmente se mantiver a postura de não reconhecer a derrota e iniciar um processo de transição.
O brasileiro completará quatro anos no qual se transformou em um pária internacional e irá obter um novo status: tóxico, indesejado e ilegítimo.
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