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Morte de banco suíço abre crise inédita de identidade do país
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Depois do Toblerone, agora é a vez dos bancos. A Suíça acordou nesta segunda-feira menor e com sua imagem duramente afetada. Diante do acordo de compra do Credit Suisse pelo UBS neste fim de semana, o país que tem sua história que se confunde com seus bancos agora se pergunta: somos ainda confiáveis?
Nos principais jornais do país e no discurso de diversos partidos políticos, o sentimento é de "vergonha", enquanto proliferam questões sobre como os complexos mecanismos de controle dos bancos estabelecidos depois de 2008 não conseguiram prevenir tal catástrofe em um banco que ditava a confiança internacional sobre o mercado financeiro local.
Depois de a linha de crédito de US$ 54 bilhões oferecida pelas autoridades não ter acalmado os mercados na semana passada, o governo agiu para forçar um acordo para que o maior banco do país, o UBS, comprasse o segundo maior, o Credit Suisse. Na prática, uma instituição que vivia no limbo morre. Um sacrifício para salvar o sistema, usando outro banco como o administrador da falência.
O problema é que nasce em seu lugar um monstro que, se sofrer problemas, representará um risco ainda maior para a economia mundial.
O UBS herda centenas de processos, um banco com 17 mil empregados apenas na Suíça e que perdia bilhões por dia na última semana. O governo suíço ofereceu US$ 9 bilhões como um colchão para que os novos donos do Credit Suisse tenham espaço financeiro para enfrentar o processo de fusão.
Mas nos corredores dos bancos nesta manhã, muitos se perguntam: será suficiente?
A crise, porém, vai muito além de um aspecto comercial entre dois bancos. Gestores, políticos e analistas estão de acordo que o incidente abala a confiança internacional no setor financeiro do país. A Suíça ficou "menor".
Para muitos, trata-se de uma crise das elites de Zurique. Não por acaso, enquanto o funeral do banco era realizado, atores da política da Suíça insistiram que a responsabilidade pela morte do Credit Suisse tinha sido de gestores estrangeiros que não conhecem a cultura financeira suíça e optaram por uma internacionalização da instituição.
Mas, para os mais realistas, não há mais com dissociar o banco do país. "Ele se chama Credit Suisse. Há uma Suíça dentro do nome", afirmou Stephan Garelli, professor do Instituto IMD.
Para a história recente do país, trata-se de um terremoto inédito. O banco foi o responsável pela construção das ferrovias no país no século 19, financiou a transformação industrial da Suíça e passou a fazer parte da identidade do próprio país.
Mas também era o nome que estava nas estações de esqui do país, no sorriso de Roger Federer e acompanhava como uma chancela o próprio futebol nacional.
Em Zurique, se o Credit Suisse foi por anos o sinônimo da competência e seriedade suíça, a catástrofe revela o excesso de confiança de um banco que assumiu seu papel de "grande demais para quebrar" e de uma sociedade que apostava em uma posição única no mundo.
O escândalo histórico e o fim indigno abalam o mercado financeiro da Suíça e sua credibilidade internacional.
Se um dos 30 maiores bancos do mundo ainda pode quebrar, depois de todos os controles e exigências que foram estabelecidos em meio à crise do capitalismo, em 2008, quanto tempo será necessário para recuperar a confiança?
Nem os relógios suíços saberão dizer.
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