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Em Hiroshima, Lula alerta Macron sobre risco nuclear de pressionar Putin
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O presidente Lula (PT) mandou um alerta aos chefes de governo da Europa: uma pressão sem medida contra o líder russo Vladimir Putin e um isolamento total do Kremlin poderia colocar o mundo sob risco do uso de armas nucleares. O brasileiro falou sobre a situação em reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Durante a cúpula do G7, neste fim de semana no Japão, o brasileiro manteve encontros bilaterais com diversos governos, autoridades e diretores de agências internacionais. Ainda que a agenda de Lula não se limite à guerra na Ucrânia, o tema entrou em todos os debates.
Mas foi a conversa com Macron que chamou a atenção de diplomatas e assessores que estavam na sala.
O francês insistiu sobre a necessidade de uma saída pacífica para a guerra. Mas repetiu a posição de muitos europeus de que qualquer negociação apenas poderia ocorrer após os russos deixarem os territórios ocupados desde fevereiro de 2022.
Outra pressão é para que a ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional contra Putin por crimes de guerra seja considerada por todos os membros da Corte. Em abril, o russo foi indiciado por Haia, o que foi considerado por mediadores como um elemento que pode complicar a busca por uma solução diplomática para a guerra.
Lula, de fato, já disse em uma videoconferência com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky que não existe uma paz sustentável quando um plano unilateral é implementado.
Mas o principal alerta do presidente brasileiro desta vez foi sobre o risco nuclear. Lula lembrou Macron o palco da reunião do G7 e onde estavam: Hiroshima, cidade destruída por uma bomba nuclear em 1945, lançada pelo governo dos EUA.
Para ele, seria um risco pressionar Putin, sob a ameaça de que a reação venha na forma do uso de armas nucleares. Lula tem reivindicado a necessidade de que canais de diálogos sejam estabelecidos, ainda que o Brasil tenha condenado publicamente e em diversas ocasiões a agressão russa contra o território ucraniano.
Ao longo do conflito, o líder russo fez alusões ao fato de Moscou ser uma potência nuclear e disse a outras potências que uma eventual intervenção teria uma resposta "como jamais experimentaram". A frase foi interpretada como uma ameaça de que o arsenal atômico poderia ser usado.
Nos meses seguintes, o governo russo insistiu que apenas usaria tais armas se o país fosse colocado numa posição de "risco existencial".
Durante a cúpula, Lula fez questão de destacar a situação de ameaça atômica. Em discurso, o brasileiro alertou que "o risco de uma guerra nuclear está hoje no nível mais alto desde o auge da Guerra Fria". "As armas nucleares não são fonte de segurança, mas instrumento de extermínio em massa que nega nossa humanidade e ameaça a continuidade da vida na Terra", disse.
Enquanto existirem armas nucleares, sempre haverá a possibilidade de seu uso. Foi por essa razão que o Brasil se engajou ativamente nas negociações do Tratado para a Proibição de Armas Nucleares, que esperamos poder ratificar em breve.
"Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia", afirmou Lula.
O brasileiro ainda afirmou que tem "repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz". "Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo", defendeu. "Precisamos trabalhar para criar o espaço para negociações."
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