Jamil Chade

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Reportagem

Medidas de controle evitaram 300 milhões de fumantes no mundo, diz OMS

Um levantamento publicado nesta segunda-feira pela OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que medidas adotadas nos últimos 15 anos nos diferentes países evitaram que 300 milhões de pessoas extras passassem a fumar. O Brasil é considerado pela entidade como um dos principais líderes na implementação dessas medidas e encabeça a lista de países que servem de exemplo.

Os dados destacam que, neste período, a taxa de fumantes caiu e que, hoje, 5,6 bilhões de pessoas estão protegidas por algum tipo de política que restringe ou dificulta a venda do tabaco. Isso representa sete em cada dez pessoas no mundo e cinco vezes mais que a taxa de 2007.

Se por décadas a indústria do cigarro conseguiu pressionar governos e legislações para garantir que seu produto chegasse ao mercado, o novo informe da OMS deixa claro que a situação começa a mudar desde que o acordo de controle de tabaco entrou em vigor no mundo.

Um dos principais destaques é a proibição de fumar em locais públicos fechados. Hoje, 40% dos países têm leis neste sentido.

"Os ambientes livres de fumo ajudam as pessoas a respirar ar puro, protegem o público do fumo passivo mortal, motivam as pessoas a parar de fumar, desnormalizam o fumo e ajudam a evitar que os jovens comecem a fumar ou a usar cigarros eletrônicos", afirmou a OMS.

O relatório avalia o progresso dos países no controle do tabaco e mostra que mais dois países, Ilhas Maurício e Holanda, alcançaram o nível de melhores práticas em todas as medidas de controle. Até agora, apenas o Brasil e a Turquia haviam conseguido atingir a meta.

Oito países estão a apenas uma política de se juntar aos líderes no controle do tabaco: Etiópia, Irã, Irlanda, Jordânia, Madagascar, México, Nova Zelândia e Espanha.

"Esses dados mostram que, lenta mas seguramente, mais e mais pessoas estão sendo protegidas dos danos do tabaco pelas políticas de melhores práticas baseadas em evidências da OMS", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

"Embora estejamos progredindo na redução da prevalência do tabagismo e melhorando nossa política de controle do tabaco, ainda temos um longo caminho a percorrer. Juntos, continuaremos lutando por uma geração livre do fumo até 2040", disse Maarten van Ooijen, secretário de Saúde da Holanda.

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Mortes continuam elevadas

Apesar de a OMS comemorar o maior controle contra o cigarro, a entidade destaca que as mortes continuam elevadas.

"Embora as taxas de tabagismo tenham diminuído, o tabaco ainda é a principal causa de morte evitável no mundo - em grande parte devido às implacáveis campanhas de marketing da indústria do tabaco", disse Michael Bloomberg, embaixador da OMS e fundador da Bloomberg Philanthropies.

"Como mostra este relatório, nosso trabalho está fazendo uma grande diferença, mas ainda há muito a ser feito. Ao ajudar mais países a implementar políticas inteligentes, respaldadas pela opinião pública e pela ciência, poderemos melhorar a saúde pública e salvar milhões de vidas", defendeu.

De fato, a OMS destaca que 44 países permanecem desprotegidos por qualquer uma das medidas de controle e 53 países ainda não têm proibições totais de fumo em instalações de saúde. Enquanto isso, apenas cerca de metade dos países tem locais de trabalho e restaurantes privados livres de fumo.

"A OMS pede a todos os países que implementem todas as medidas para combater a epidemia do tabaco, que mata 8,7 milhões de pessoas em todo o mundo, e que resistam às indústrias do tabaco e da nicotina, que fazem lobby contra essas medidas de saúde pública", disse Ruediger Krech, diretor de Promoção da Saúde da OMS.

Cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem por causa do fumo passivo todos os anos. Todas essas mortes, segundo a OMS, são evitáveis. As pessoas expostas ao fumo passivo correm o risco de morrer de doenças cardíacas, derrames, doenças respiratórias, diabetes tipo 2 e cânceres.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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